Sacia a sede, alimenta, nutri, imuniza, é natural, pode ser levado a qualquer lugar, qualquer hora, não tem custo, ajuda no desenvolvimento facial, na prevenção de doenças maternas e volta à forma física da mamãe. Em outras palavras, a amamentação é feita “sob medida” para você e seu bebê. Segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde – não se deve dar ao recém-nascido nenhum outro alimento ou bebida além do leite materno, a não ser por indicação médica.
Eneida Bittar, Enfermeira-Consultora e Educadora em Aleitamento Materno UCLA-CA (Universidade de Los Angeles) – membro ILCA-USA (International Lactation Consultant Association) Núcleo de Suporte- Aleitamento Materno, diz que a superioridade nutricional do leite materno é indiscutível, é o melhor alimento para o bom crescimento e desenvolvimento da criança. “Ele não só proporciona proteção contra infecções e alergias, como também, estimula o bom funcionamento do sistema imunológico e a maturação dos aparelhos digestivo e neurológico.”
A especialista afirma ainda que esse poderoso alimento funciona como “supervacina” e preserva a criança das mais diversas doenças, como diarreia, resfriados, alergias, infecções urinárias, respiratórias e obesidade. Pesquisas apontam que o leite materno pode reduzir em 13% as mortes de crianças menores de 5 anos em todo o mundo.
E para relacionar ainda mais elogios, vale destacar que as primeiras palavrinhas também são beneficiadas com a amamentação, já que a sucção auxilia na movimentação dos ossos e músculos da face promovendo maior flexibilidade na articulação. Não menos importante é o vínculo afetivo entre mãe e bebê através do contato pele a pele, olhares e afagos.
Preparativos
Infelizmente, em tempos tão modernos, algumas mamães desistem de amamentar antes mesmo de começar. Medo de sentir dor, dificuldades e mulheres da família que não amamentaram são alguns dos motivos mais relatados.
“É um exercício do binômio, mamãe-bebê necessitam de tempo para se adaptar. A produção do leite é um processo natural, mas a amamentação é uma arte e, por isso, precisa ser aprendida”, diz Eneida que completa: “Outra questão são os inúmeros papéis que a mulher desempenha no atual conceito de família e sua participação crescente no mercado de trabalho. Por isso, o apoio profissional e familiar são essenciais para o sucesso dessa importante fase da vida.”
Para “dar uma mãozinha” às futuras mamães, a enfermeira cita alguns cuidados com a mama, que devem ser iniciados ainda na gestação: banho de sol, de cinco minutos ao dia, o uso de cremes específicos para previnir lesões causadas pela amamentação – a base de Lanolina 100% purificada – e nos casos de mamilos pouco profusos, a utilização de concha protetora de silicone.
Na prática
Com o bebê no colo, as dificuldades aparecerem. Qual a melhor posição? Será que a pega está correta? O tempo da mamada é suficiente? O leite é fraco? A amamentação requer tranquilidade, eleger um lugar calmo que permita que mãe e bebê estejam aconchegados é o primeiro passo para o sucesso.
Não menos importante são os acessórios que vão compor o cenário de amor e facilitar a amamentação, como poltrona confortável, apoio para o braço e pés e almofadas especiais. Atenção redobrada deve ser no posicionamento da mão e do bebê: “O bebê deve estar inclinado em relação ao corpo da mãe, barriga com barriga”, explica a enfermeira.
Enquanto isso, é provável que o pequeno esteja aos “berros” de fome e já com a boquinha aberta, procurando o peito, pelos seus sinais de reflexo. A lactante por sua vez, pode ajudar a criança a pegar o seio de maneira correta. “A boca do bebê deve estar de frente para o mamilo e a ponta de queixo e ponta de nariz tocando o tempo todo a mama, com os lábios voltados para fora, o que chamamos de boca de peixe”, explica Eneida.
Para ter certeza que o modo de sucção vai bem, a educadora sugere que a mamãe observe se as sugadas são ritmadas, longas e profundas e se a bochecha do bebê se mantém redonda. “Durante a mamada o bebê não pode estar com covinhas, barulho como estalo de língua, se tiver, retire e posicione novamente”.
Mas, a grande preocupação é: será que meu leite sustenta o bebê? Eneida explica que não existe leite materno mais fraco ou mais forte, cada mãe produz o leite na composição adequada para seu filho. “O que acontece são três tipos de alterações até seu estabelecimento.”
1ª – COLOSTRO: espesso e amarelado tem em sua composição proteína e sais minerais, ideal para adquirir imunidade e proteger de infecções;
2ª – LEITE DE TRANSIÇÃO: volume maior, cerca de 30ml por mamada, e cor de manteiga;
3ª – LEITE MADURO: fino e azulado, é rico em proteínas, gordura e açúcar, e tem o objetivo de satisfazer o recém-nascido, nutrir e colaborar para o ganho de peso.
Reloginho
O bebê pode mamar quantas vezes quiser, o que na área da saúde é chamado de livre demanda. Segundo a especialista, depois de esvaziar o primeiro peito, a mamãe deve oferecer o segundo, mesmo que seja no próximo horário. Afinal, quando saboreamos um cardápio muito gostoso nunca hesitamos em repetir a dose, não é mesmo?
É importante lembrar que o tempo de mamada também é individual. Há bebês que ficam satisfeitos rapidamente e outros que levam mais tempo para ficarem satisfeitos. Para ajudar na descida do leite, a mulher pode colocar o polegar bem acima da aréola, e os outros dedos, e toda a palma da mão de baixo da mama, formando a letra “C” de forma invertida, aconselha a enfermeira.
Essa maratona das mamadas pode fazer os mamilos sofrerem rachaduras pelo excesso de atrito. Então, as precauções devem ser redobradas. Bittar aconselha que a mulher use sutiã adequado e ao final de cada mamada passe a Lanolina 100% purificada – não precisa removê-la antes de amamentar o bebê – por toda aréola e mamilos. Caso não haja melhora, procure um profissional para orientá-la.
Outra dica é ao tirar o bebê do peito introduzir gentilmente o dedo mínimo no canto da boca para que ele solte o mamilo naturalmente sem machucá-lo.
Mulher
A satisfação da mulher é dupla com o aleitamento materno, pois além de beneficiar a saúde do recém-nascido, acelera a perda de peso e previne contra o câncer de colo de útero e de mama. “A sucção do bebê estimula a produção do hormônio ocitocina, que contrai o útero e faz com o que ele volte ao normal rapidamente, além de diminuir o sangramento”, explica a educadora.
Estar de bem com a autoestima, manter a alimentação saudável e ter boas horas de sono é tudo o que a mamãe precisa para se recuperar no pós-parto e instigar os hormônios responsáveis pela produção e ejeção do leite, respectivamente, a prolactina e a ocitocina. Assim, somando bem-estar com muita sucção, fica fácil oferecer ótima qualidade e quantidade de leite materno para o bebê.