Noites mal dormidas podem ser, muitas vezes, a rotina dos pais nos primeiros meses de vida de seus bebês. Mas, para alguns casais, esta fase torna-se tão traumática que hesitam em ter um segundo filho.
O primeiro trimestre é um período turbulento. O aparelho neurológico imaturo do bebê não tem ainda produção de melatonina estabilizada e os estados de sono e vigília são imprevisíveis, regulados pela fome e desconfortos. Ele não é capaz de se adaptar a outra rotina. Diante dessa instabilidade que se confronta com o ritmo biológico do adulto, muitos pais se apavoram achando que o bebê nunca mais os deixará dormir. No desespero, acabam adotando medidas que, além de ineficazes, criam um ambiente mais tenso, que não favorece o relaxamento do bebê.
Nesse período, é preciso aceitar esse ritmo de sono. Não é uma boa ideia querer manter o bebê desperto mais tempo de dia, esperando que ele durma a noite toda – exausto, ele terá mais dificuldades para dormir. A solução é acompanhá-lo em seu ritmo e procurar descansar também nos períodos diurnos para estar disponível à noite. Por mais cansativo que seja, esse é um período passageiro.
O bebê também não dorme se tiver desconfortos como dor, calor, frio, febre, fome. Para os pais, é o momento de conhecer os sinais do filho, de se adaptar ao novo papel e onde ocorrem mudanças significativas na rotina familiar. Muitas vezes se angustiam sem saber como acalmá-lo. A turbulência emocional faz parte desse início e traz alguns medos, inseguranças e conflitos. Bebês e crianças pequenas são suscetíveis, o cansaço e a tensão dos pais pode deixá-los inseguros, não conseguindo relaxar – torna-se um círculo vicioso.
É importante o casal se alternar quando a angústia limita a tolerância nos cuidados com o bebê. Pode ser desesperador ficar horas com um bebê com cólica. Uma pausa para poder se reorganizar emocionalmente também ajuda o bebê a se acalmar. Antes de achar que seu filho tem um distúrbio de sono, pergunte a si mesmo quais são seus próprios medos e inseguranças e comece a cuidar deles. O bebê pode se tornar um aliado importante para perceber sutilezas na dinâmica familiar.
Fonte: Departamento de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo.