O último ranking do PISA (Programme for International Student Assessment), principal avaliador internacional da qualidade de ensino das nações, indicou queda na Educação Básica brasileira. Entre as competências avaliadas, a leitura foi a que teve pior resultado em comparação à avaliação anterior, pois com dois pontos a menos na área, o Brasil somou 410 pontos, ficando 86 abaixo da média da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), inferior a países como Chile e Tailândia.
De acordo com o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), estima-se que até o final deste ano serão gastos milhões de reais no Ensino Fundamental – Anos Iniciais, na tentativa de melhorar a qualidade de ensino e, consequentemente, de subir alguns degraus no PISA. Ainda que o investimento venha aumentado a cada ano, as barreiras que impedem a obtenção de um bom desempenho dos jovens na leitura são também culturais e afetam todo o sistema educacional, como é o caso da perda do hábito de ler para as crianças.
Uma pesquisa feita em 2012 pela Fundação Itaú Social demonstrou que, apesar de considerarem importante, apenas 37% dos brasileiros leem histórias ou livros para os pequenos. Ler para um filho ou para um irmão mais novo, por exemplo, é uma necessidade clara para os adultos, mas eles não conseguem se dedicar a essa prática, seja pela rotina de vida acelerada ou por outras questões pessoais.
Nesse sentido, entra o papel das instituições de ensino, que devem se preparar para apoiar a familia nesse processo, principalmente durante a Primeira Infância. O período que vai do nascimento até o início da educação formal é a época que a criança tem mais capacidade de aprender, pois o fato de estar construindo a sua identidade e sua estrutura intelectual e sócio-afetiva à medida em que vai descobrindo o mundo, faz com que o cérebro absorva mais conteúdo. Caso a leitura não seja apresentada nesse intervalo, os riscos da criança se distanciar dos livros são grandes, até mesmo por conta da distração oriunda do uso cada vez mais precoce da internet para fins recreativos.
Levando isso em consideração, até mesmo as creches precisam desenvolver atividades de leitura, mesmo que seja para uma turma de berçário. Para que tenhamos cidadãos leitores, quanto mais cedo instigarmos nossas crianças ao universo literário, melhor. Logicamente, os pais devem ficar atentos e procurar estimular seus filhos à leitura, contando histórias e aguçando o desejo pela literatura. Porém, como educadores, devemos adequar o papel escolar para a realidade familiar de hoje.
Fonte: Patrícia Barreto