Pensar em canguru quase sempre é pensar no filhote dentro daquela bolsa na barriga da mãe. Como ele nasce imaturo, a bolsa, chamada marsúpio, serve de abrigo para o pequeno filhote completar seu desenvolvimento.
No final dos anos 1970, médicos colombianos transferiram esse “processo” para os seres humanos. O método foi criado para reduzir o número de óbitos neonatais na Colômbia, colocando o bebê prematuro em contato direto com a pele da mãe.
As dificuldades encontradas na Colômbia eram semelhantes às de outros países. Isso levou à adoção do método canguru em diversas nações, passando por uma série de modificações e adaptações ao longo dos anos.
A ideia era agilizar o processo de alta diante de situações críticas, como ausência de incubadoras e recursos hospitalares. No Brasil, o método foi aplicado no início dos anos 1990, em algumas maternidades isoladas. A partir de 2000, o Ministério da Saúde determinou sua implantação no Sistema Único de Saúde (SUS).
Nas maternidades privadas da cidade de São Paulo, o grande objetivo da técnica foi aumentar o vínculo afetivo entre a mãe e seu filho e sua participação nos cuidados com o recém-nascido.
“Esse é um tipo de assistência neonatal que implica contato pele a pele entre a mãe e o filho de baixo peso, pelo tempo que ambos entenderem ser prazeroso e suficiente”, explica a neonatologista Célia Di Giovanni.
Para iniciar o método canguru é necessário que o recém-nascido esteja em condição clínica estável, ou seja, que não precise de atendimentos sucessivos, e a mãe esteja sem doença respiratória ou de pele e sentindo-se bem disposta.
De acordo com Célia, o método canguru é desenvolvido em três etapas: a primeira deve ocorrer previamente ao nascimento, com a identificação das gestantes com risco de darem à luz uma criança de baixo peso. Nessa situação, a futura mamãe recebe orientações específicas sobre os cuidados a serem tomados com ela e com o bebê. “Logo após o nascimento e havendo a necessidade da permanência na UTI neonatal, a entrada dos pais na unidade é estimulada para estabelecer contato pele a pele com a criança.”
Na segunda etapa, o bebê encontra-se com situação clínica estável, ganho de peso regular por pelo menos três dias e peso superior a 1.250g. A terceira etapa, a alta hospitalar, só pode ocorrer se a criança estiver com um peso mínimo de 1.500g, clinicamente estável e ganhando peso em aleitamento materno exclusivo.
“A mãe e os familiares devem estar seguros quanto ao manuseio da criança e orientados quanto à importância de mantê-la em casa na posição canguru durante as 24 horas do dia.” Quando o bebê atinge 2.500g, o método pode ser abandonado.
Um importante pilar do método Mãe Canguru é o estímulo à amamentação. “Quando o recém-nascido prematuro começa a transição para alimentação oral, por sucção, estar em posição canguru pode facilitar a amamentação pela maior intimidade já existente entre mãe e filho”, conclui a neonatologista.