De acordo com estudo apresentado durante o XXVI Congresso Brasileiro de Cefaleia, realizado nos dias 13 a 15 de setembro, a enxaqueca, caracterizada por incômodos constantes que se repetem há mais de três meses, prejudica rotina e atividades escolares e atinge cerca de 1,6 milhão de crianças brasileiras.
Os dados foram levantados pelo pesquisador, neurologista da infância e adolescência e membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia, Marco Antônio Arruda, que apresentou os principais fatores pelo baixo rendimento na escola: intensidade, duração e frequência das crises, presença de náuseas por conta do uso excessivo de analgésicos, comprometimento da capacidade de memória e da atenção. No total, foram avaliadas 5.671 com idade entre 5 e 12 anos, que vivem em 18 estados de 87 cidades brasileiras.
“Pela primeira vez conseguimos traçar um levantamento que comprova o que já vivenciávamos no dia a dia do consultório. A patologia interfere na aprendizagem, sobretudo quando apresenta crises muito frequentes”, destaca. Outra vertente da pesquisa mostrou que mulheres fumantes ou que ingerem álcool durante a gestação têm risco duas vezes maior de gerar filhos com enxaqueca crônica.
Além disso, portadores de cefaleia apresentam um risco duas vezes maior de terem sintomas de depressão e ansiedade. Outras manifestações comuns da doença são o sonambulismo, o solilóquio (falar dormindo) e o bruxismo (ranger de dentes dormindo). “Quanto mais nova a criança, maior é o desafio para identificar a causa da dor de cabeça, pois elas têm maior dificuldade de expressar e caracterizar o sintoma”, alerta Arruda.