Como mãe sempre queremos o melhor para nossos filhos. Procuramos utilizar os produtos e adotar os procedimentos mais seguros, mais saudáveis, mais adequados. Mas nem sempre dispomos das orientações mais corretas. Em muitas circunstâncias desconhecemos os riscos existentes nos produtos e que raramente são mencionados nas instruções que os acompanham. Por outro lado, muitas vezes não há legislação proibitiva do uso de substâncias tóxicas incorporadas aos produtos finais, que o consumidor utiliza, com grande risco de contaminação. Este é o caso do termômetro de coluna de mercúrio, que é feito de vidro facilmente quebrável. Estes medidores de temperatura são comumente usados nos domicílios para verificação de febre ou de temperatura ambiente. Atualmente, existem disponíveis no mercado, modelos com tecnologia substitutiva, sem a utilização de mercúrio, e as pessoas mais esclarecidas já utilizam.
Todas as informações sérias e responsáveis deveriam ser adotadas sempre, para orientar a população e permitir as escolhas mais saudáveis. A preferência deve ser dada ao que é melhor para nossa saúde, para a humanidade, para a conservação do nosso planeta, para esta, e para as futuras gerações, cuja sobrevivência e qualidade de vida depende muito daquilo que estamos fazendo hoje.
O mercúrio é o único metal líquido na natureza. Seu símbolo Hg deriva da palavra grega Hidrargyros, que significa água de prata, por seu aspecto líquido prateado.
Penetra com facilidade em frestas, reentrâncias e nos interstícios de diversos pisos de materiais como madeira, cimento, cerâmica e outros.
Embora aparentemente inofensivo, visto que, não tem cheiro e tem aspecto muito bonito e brilhante tratase de um potente neurotóxico. Por suas características desperta muito interesse e curiosidade. Quando cai em uma superfície não se espalha linearmente, como a maioria dos líquidos, mas forma bolinhas que rolam e se unem em esferas maiores, motivo pelo qual atrai crianças e adultos, que se encantam em brincar, desconhecendo os riscos à saúde aos quais estão submetidos nesta inocente brincadeira. O mercúrio na forma metálica (líquida) evapora-se facilmente, mesmo em temperaturas baixas e penetra no organismo através da respiração. Dos pulmões é transportado pela corrente sanguínea depositando-se em diversos órgãos e sistemas causando lesões variadas.
Os quadros patológicos decorrentes da contaminação por Hg variam desde intoxicações leves até extremamente graves culminando com a morte ou seqüelas, por esta razão, qualquer possibilidade de exposição a este agente tão nocivo deve ser eliminada, tanto do ponto de vista ocupacional, como ambiental.
A persistência da intoxicação pode levar à lesão cerebral difusa, com embotamento intelectual, pensamentos lentos, confusos e pobres em conteúdo. A progressão da doença caminha para a demência orgânica irreversível.
Embora os riscos do mercúrio sejam conhecidos há muito tempo, os informes a respeito da situação mundial da contaminação pelo mercúrio eram esparsos. Em 2001, sob os auspícios do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – UNEP/PNUMA, foi realizada uma pesquisa mundial que mostrou elevada contaminação em todo o planeta. Este resultado despertou grande preocupação no Conselho das Nações Unidas, que recomendou aos paises implantar medidas de redução/eliminação do uso de mercúrio.
Como é um elemento cumulativo e não se desfaz na natureza, quanto maior a utilização humana maior a contaminação da terra, ar, águas, animais e plantas.
O objetivo do trabalho é eliminar este metal, em todas as situações nas quais existam produtos ou tecnologias substitutivas. Na área da saúde iniciei em 2003 um trabalho específico de substituição de aparelhos, tais como, termômetros e esfigmomanômetros com coluna de mercúrio. Usando a metodologia da conscientização e sensibilização, visto que, não há legislação proibitiva do uso de aparelhos com mercúrio, o compromisso para a substituição vem sendo cumprido com eficiência, tanto na cidade de São Paulo, como em outros municípios do estado. Quando o órgão ou empresa finaliza a substituição tenho feito pessoalmente as vistorias locais para constatação e registro do feito.
Atualmente (outubro de 2008), a substituição total dos aparelhos com mercúrio por aparelhos livres deste metal tóxico é realidade em 110 hospitais de São Paulo, 130 unidades laboratoriais, 20 unidades de Bancos de Sangue e 21 Centros de Especialidades Médicas.
O entendimento vai além de uma simples troca, é a prevenção para colaboradores, pacientes, usuários e ao meio ambiente. A divulgação do tema é uma maneira preventiva muito eficiente para a conscientização e a eliminação do uso de mercúrio.
A maioria das lesões produzidas pelo mercúrio é irreversível e incurável. Urge que sejam implantadas no Brasil, medidas proibitivas de importação, fabricação, comercialização e uso de aparelhos, com este agente tão prejudicial à saúde.
Os termômetros contendo mercúrio podem ser substituídos por outras tecnologias. Os mais comumente utilizados são os digitais, que são muito práticos, visto que, rapidamente medem a temperatura e emitem um sinal sonoro após a medição e aparece o resultado em um mostrador. A precisão é a mesma, tanto é que está sendo substituído no mundo inteiro. É importante escolher uma marca confiável com aprovação nacional e internacional, porque existem algumas de qualidade duvidosa, como quaisquer outros aparelhos. Mesmo que o termômetro digital seja mais caro, o risco do mercúrio para a saúde deve ser considerado e saúde não tem preço.
A escolha é de cada um de nós e a consciência também!