A criança que tem muitas atribulações no dia a dia pode, na tentativa de não decepcionar os pais, ter o desenvolvimento do seu caráter prejudicado e sofrer algumas reações físicas e psíquicas, comparadas em grau e intensidade aos adultos.
A criança, entretanto, até o século XVII, convivia igualmente com os adultos, não havia um mundo infantil, diferente e separado, ou uma visão especial da infância e, muito menos, o Dia das Crianças. Mas, durante a Idade Moderna, a história começou a mudar.
A partir de então, a criança é vista como um indivíduo que precisa de atenção especial e passa a ser considerada como um ser inocente e dependente do adulto. Por isso, hoje em dia muitos pais têm a concepção da infância como o espaço da alegria, da inocência e da falta de domínio da realidade; muitos outros, contudo, preferem à moda antiga, ou seja, tratam os pequenos como adultos, inserindo-as no atual mundo agitado, repleto de informações e tecnologia.
Tratadas como adultos são muito exigidas em função do mundo em que vivemos: devem saber dominar a informática, falar outras línguas, praticar esportes, tirar sempre notas altas na escola, serem boazinhas e obedientes, enfim, “eficientes” em tudo o que fazem, sempre ocupadas com atividades que precisam cumprir, mesmo que não sobre tempo para brincar.
De acordo com a psicoterapeuta e diretora do Instituto de Psicologia Avançada AMO, Maura de Albanesi, tantas responsabilidades podem ser colocadas como obstáculos para a criança, uma vez que nem sempre ela consegue se adaptar a tantas atribulações. Isso pode prejudicar o seu desenvolvimento sadio.
Infância: época de brincar
Através das brincadeiras é que os filhos conseguem ativar a sua criatividade, desenvolver o aparato conjuntivo, estabelecer limites e regras nos jogos, que se entendem nas relações pessoais, praticar ética e respeito de maneira natural e espontânea.
A psicologia não tem dúvida de que a infância é a etapa de preparação do pensamento para a vida adulta. O pensamento infantil não tem ainda uma lógica racional, por isso as brincadeiras são muitas vezes ingênuas e sem graça para os adultos.
Algumas vezes, contudo, a criança pode vir a incorporar valores de outrem ao seu autoconceito sem perceber isso como, por exemplo, ter a rotina corrida de um adulto que, geralmente, é o conceito dos pais, porque são as pessoas mais próximas da criança. Quando isto acontece (fenômeno denominado interjeição) surge uma obstrução na comunicação da criança com ela mesma.
Tratamento
A psicoterapia vai auxiliar a família, quando algo não estiver bem no desenvolvimento emocional ou social da criança. “Por meio da utilização de algumas técnicas que têm embasamento na psicologia, a criança pode se experimentar sendo ela mesma e no relacionamento estabelecido em terapia, que é uma analogia em relação com as outras pessoas; pode “organizar” seus conflitos vivenciados internamente, aproveitando sua fase de desenvolvimento com mais tranquilidade”, finaliza Maura.