Todos ficam ansiosos com o recém-nascido e querem logo conhecê-lo. Mas é preciso cautela e vale a dica de que a visita pode esperar
O nascimento é um grande momento para todas as famílias. Contudo, a primeira semana em casa é uma fase de adaptação, extremamente delicada, por isso o pós-parto é denominado pela psicologia como o quarto período. Familiares e amigos podem achar estranho que alguns pais não permitam visitas ao bebê nos primeiros dias, mas devemos considerar a crise do momento. Afinal, levamos para casa um ilustre desconhecido.
O pós-parto não gira em torno apenas do RN que, por sua vez, ainda está com a imunidade muito delicada, mas também da mamãe, que está passando por muitas emoções, se enquadrando em nova rotina reconhecendo seu bebê, e se preparando física e emocionalmente. Para entender mais sobre este delicado tema a Sempre Materna conversou com a Dra. Renata Scatena, médica graduada pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos, com residência em Pediatria e especialização em Terapia Intensiva Pediátrica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e atualmente diretora clínica da Casa Crescer, um espaço novo em São Paulo que tem o objetivo de cuidar da saúde das crianças de forma integrada, sendo ela orgânica, social, cultural, psíquica e emocional.
1- Qual o melhor lugar para começar a receber vistas, no hospital ou em casa?
É importante que os pais sejam questionados sobre o lugar mais adequado para a primeira visita ao bebê. Devendo essa decisão ser respeitada.
De qualquer forma, algumas considerações são importantes:
As visitas devem ser rápidas, após alinhar o melhor horário com os pais dos RN.
Evitar visitas noturnas.
Não é recomendado muita gente em um mesmo momento, o bebê pode ficar agitado, ter sua sonequinha ou mamada interrompida. .
É fundamental as visitas não estarem com nenhum resfriado ou doença infectocontagiosa que possa ser transmitida ao bebê ou aos pais do bebê. Qualquer indisposição a regra é clara: postergue à visita.
Higienizar sempre as mãos com álcool gel antes de pegar no bebê.
Evitar perfumes com cheiro forte e falar muito alto.
Respeitar o horário da mamada do bebê e descanso da mamãe.
Respeitar o momento mãe/filho durante a mamada deixando-os a sós. Amamentar não é fácil e o início pode ser muito difícil.
Incentive o aleitamento materno exclusivo.
Converse sobre coisas positivas.
Seja breve.
Ajude no que puder .
Não fume antes de visitar um recém nascido, mesmo que não tenha a intensão de pegá-lo no colo.
Pegue no bebê apenas se os pais oferecerem.
Não beije o rosto e nem as mãos dos bebês.
2- A partir de qual período é menos arriscado e desgastante receber visitas?
Após o primeiro mês é provável que a família já esteja com uma rotina mais estabelecida.
3- Qual melhor horário para aceitar visitas?
O melhor horário será variável de família para família, devendo ser definido pelo casal, pais dos bebês.
4- As visitas ao recém-nascido, afetam psicologicamente o bebê?
Sim! Qualquer alteração na rotina do bebê pode afetá-lo psicologicamente, principalmente se o emocional da mãe for afetado. Os bebês são “esponjas” do ambiente.
5- Até que ponto é saudável esse tipo de visita nos primeiros dias de vida?
Para o recém-nascido os riscos de muita exposição nesse primeiro mês de vida são maiores que os benefícios.
6- A movimentação em casa nesses dias, pode afetar como a mamãe?
A mãe fica preocupada em “fazer sala” e pode acabar se desgastando ainda mais em um momento de muita demanda física e emocional.
7- Quais são os conselhos que podemos dar para as mamães quando se fala de visita ao recém-nascido?
Não se preocupe em agradar a todos, respeite o seu momento, não dê ouvidos aos palpites, evite falar sobre tristes acontecimentos. Priorize os cuidados com a saúde fazendo as suas refeições conforme a sua rotina. Receba as visitas na sala, deixe o quarto do bebê livre de sons e odores. Amamente em silêncio. Aproveite as sonecas do seu bebê e descanse também, mesmo com visita em casa. Na hora em que todos estiverem dormindo, a sua noite estará apenas começando!
8- Pensando na imunidade baixa do bebê, como prevenir que ele tenha contato com alguns tipos de vírus e bactérias que o prejudiquem?
Não permitir o contato com pessoas doentes.
Evitar aglomerados e lugares fechados.
Higiene das mãos com álcool gel .
Vacina dos contactantes mais próximos como irmãos, avós, cuidadoras, pai, mãe.
OBS: A vacina da gripe deverá ser realizada, principalmente neste grupo, anualmente. Outra vacina fortemente recomendada ao grupo é a dTpa ( Tríplice bacteriana), vacina com proteção contra difteria, tétano e Coqueluche. A coqueluche é uma doença respiratória muito grave, que acomete com maior gravidade os bebês e crianças baixo de 1 aninho. Crianças, adolescentes, adultos e idosos não vacinados, ou vacinados há mais de 10 anos, podem albergar a bactéria Bordetella pertussis na orofaringe (mesmo não manifestando nenhum sintoma) e transmiti-la aos bebês ainda suscetíveis pela não vacinação. Existe uma estratégia criada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) conhecida como estratégia Cocoon ” casulo” que tem como objetivo vacinar com a vacina tríplice bacteriana Dtpa todos os contatos mais próximo de todos os bebês. Essa vacina é disponibilizada na rede pública para todas as gestantes, a partir da 20º semana de gestação e puérperas ( 42 dias pós parto). A vacina também é disponibilizada na rede particular para os outros familiares.