Essas mudanças implicam diretamente no estado emocional da mulher, já que estamos falando de mudanças extremamente complexas, pois trata-se da inter-relação entre fatores hormonais e psicológicos.
Dessa forma, alteração de humor, mudanças bruscas de comportamento, irritabilidade, entristecimento, episódios depressivos, euforia, ansiedade, angústia, são comuns e esperados no ciclo gravídico-puerperal.
Já o puerpério é mais um novo momento que exige da mulher, agora mãe, adaptação e confronto com sua nova realidade, novo papel e novas expectativas. É um período no qual podem surgir manifestações psíquicas e comportamentais de apatia, choros recorrentes, dependência, pouca colaboração, poliqueixas, medo de não saber como cuidar do bebê, isolamento, entre outros.
A boa notícia é que estes sentimentos podem se resolver espontaneamente por fazerem parte de uma fase de adaptação e elaboração. Porém, vale ressaltar que todas essas reações emocionais devem ser vistas com atenção por parte dos familiares e profissionais da saúde que acompanham a gestante e compreendidas diferentemente dos quadros psicopatológicos, que têm seus sintomas bem classificados e entendidos pela medicina e psicologia.
A depressão puerperal é um quadro clínico caracterizado por transtornos depressivos que se instalam nas primeiras seis semanas após o parto. Os sintomas mais comuns são: diminuição ou perda do interesse nas atividades em geral, inclusive nos cuidados ao bebê, insônia ou hipersonia, sentimentos exacerbados de desvalia e culpa, perda da concentração, ideação suicida, sentimentos ambivalentes frente à maternidade e ao bebê e melancolia.
As causas podem ser biológicas, psicológicas e socioculturais, além de existirem fatores de risco como conflitos conjugais, dúvidas quanto ao desejo de ser mãe, eventos estressantes na gravidez, antecedentes psicopatológicos e familiares. Quanto ao tratamento, este inclui psicoterapia e medicação antidepressiva.
Como prevenção, todo e qualquer comportamento estranho, exagerado ou diferente que a mãe sinta ou a família observe deve ser comunicado ao médico, para que ele possa avaliar, diagnosticar e tratar com rapidez e eficácia, devolvendo a mãe e ao bebê, o equilíbrio emocional necessário.
Alessandra Robles Lopes
Psicóloga Clínica e Hospitalar
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