Os adultos estimulam o desenvolvimento da autonomia quando intercambiam pontos de vista com a criança em lugar de usar recompensas e castigos. Vale lembrar que autonomia não significa a mesma coisa que liberdade completa. Ela envolve comportamentos que levam em consideração um agir consciente e responsável do que é o melhor para todos e não apenas para si próprio, respeitando as limites que são a base de todo o relacionamento social.
Crianças que são educadas para a autonomia conseguem construir seus próprios valores ao longo da vida, e são capazes de, mais tarde, agir de acordo com seus princípios, não se deixando governar por aqueles que possam colocar em risco sua segurança física, emocional e moral.
A educação indulgente e a falta de disciplina são responsáveis por gerações de crianças mal educadas, apáticas, amorais e infelizes. A ideia de que as crianças vão ficar estressadas, insatisfeitas ou traumatizadas, com nosso pedido de realizações ou com a colocação de limites próprios para a idade, é um equívoco. Quanto mais cedo forem induzidas a aprender, a realizar, a respeitar a si mesmas e ao outro, mais naturalmente vão se comportar. Quanto mais tarde isso ocorrer, mais elas vão desenvolvendo hábitos e defesas para resistirem às exigências feitas.
Não dar regras e orientações firmes e claras é a melhor maneira de se criar arrogância e desrespeito. Delegar obrigações e responsabilidades dá a criança um sentimento de competência, que estimula o seu potencial de crescimento.
Amor, cuidado e disciplina são elementos essenciais na educação. Nos dias atuais, a disciplina tornou-se um ponto controvertido entre pais e educadores, quando deveria continuar sendo o que sempre foi: uma questão de bom senso.
A punição física e as descomposturas humilhantes não colaboram na construção de um indivíduo saudável, mas há maneira sábias, seguras e eficientes de se impor a disciplina, cabendo a cada um de nós buscar o melhor caminho.
Para uma sociedade melhor, é preciso que suas crianças tenham algum idealismo, que desenvolvam um sentido de comunidade e que sejam desafiadas para serem, a cada dia, melhor do que são.
Dr. Renato de Ávila Kfouri é Pediatra
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