As facilidades e novidades da tecnologia são grandes ferramentas para a sociedade atual, assim como a medicina alopática. Elas, contudo, precisam de limites, sobretudo quando o assunto é a saúde do seu bebê. Pequenos gestos triviais podem trazer saudáveis benefícios. Você já ouviu falar em antroposofia?
Essa doutrina mística – junção de homem (antropos) com conhecimento e sabedoria (sofia) – foi criada no início do séc. XX pelo filósofo, educador e esoterista Rudolf Steiner e deu origem à medicina antroposófica, que tem como objetivo a promoção da saúde (salutogênese). Segundo Francisco Antonio Braz, pediatra neonatologista com formação em medicina antroposófica, trata-se de um método humanístico na arte de curar. “Os medicamentos utilizados são retirados de meios naturais, como o vegetal, mineral e animal, e elaborados por processos químicos. Sua ação não é dirigida contra determinado sintoma, mas a um órgão em sua função”, explica.
Em seus princípios, a antroposofia vai além da medicina, abrangendo várias áreas do conhecimento e desenvolvimento do ser humano, tais como pedagógico, nutricional, artístico, arquitetônico, entre outros. Francisco afirma que é a busca do conhecimento completo do homem, que envolve corpo, alma e espírito.
Trazendo a medicina antroposófica para a realidade dos bebês, algumas atitudes básicas são importantes. O especialista diz que mesmo antes da chegada do filho, os vínculos maternos precisam ser estimulados. A preparação do ninho não pode faltar. “No reino animal, perto do nascimento do filhote há uma adequação para a nova vida. Isso deve ser praticado também pelos pais, não só no quesito material (berço, roupas e brinquedos), mas na criação de um espaço interno nos hábitos e rotinas, para que a criança seja acolhida com aconchego, limites e sensações corporais e térmicas agradáveis”, diz.
O contato com o recém-nascido vem em seguida. Nessa fase, o afeto transmitido ao pequeno é sua única fonte de segurança. “O recém-nascido não tem noção de seus limites corporais. Ele só os percebe quando é tocado ou apalpado. Não deixe de pegar o bebê no colo, acariciá-lo e até praticar o método denominado “Canguru” – segurar o bebê apoiado no tórax, contato pele com pele no qual o pai também pode participar”, aconselha o médico.
Simular as posições que o RN ficava no útero é também mais uma forma de aconchegá-lo… Francisco também sugere cercar o pequeno com mantas e almofadas para que não fique sem apoio e conserve calor. Assim, ameniza a transição do ventre para o meio externo.
Ainda nos métodos naturais, pensando no bemestar e desenvolvimento do bebê, e claro, nas tranquilas noites de sono dos pais, criar ritmos é essencial. “Com a correria dos dias atuais, estabelecer rotina (ritmo) faz bem à criança. Ensine-a, desde cedo, a distinguir vigília/ sono, dia/noite e horários de alimentação. Mais tarde, isso se traduz em segurança e bons relacionamentos interpessoais”, indica o pediatra, que completa com dicas: “Durante o dia deixe o bebê em locais iluminados, à noite, coloque-o em lugares com a luz apagada”.
Um momento bastante valorizado por essa medicina é a amamentação. Cultivar e fortalecer o elo entre mãe e bebê são medidas saudáveis. “Durante o ato de amamentar é importante que a mãe crie um ambiente que favoreça o contato bem próximo com seu recém-nascido, pele com pele. Deve-se evitar ver televisão ou pensar em tarefas que tem que desenvolver no dia a dia, criando um relacionamento íntimo e afetivo. É importante que a mamãe esteja presente por inteiro”, aconselha o médico. As mamadas durante o dia podem acontecer com mais frequência, em intervalos regulares. Já as da noite devem ter espaçamentos maiores para aumentar o período de sono e descanso.
Na hora de brincar, os pais precisam participar. A antroposofia acredita que isso favorecerá o desenvolvimento criativo do bebê e Braz indica: “Dê preferência para brinquedos feitos de material vindos da natureza, como lã, madeira, algodão e sementes. Bonecas de lã ou algodão dão maior sensação de aconchego e calor… Da mesma forma, os brinquedos de madeira, de cores neutras, estimulam a criatividade e liberdade para a fantasia da criança”.
Criar bons hábitos para o bebê fará com que ele siga essas regrinhas com naturalidade e equilíbrio, conforme seu crescimento. Para complementar, há também algumas terapias específicas para o desabrochar dos pequenos. A massagem rítmica, onde atuam as forças do toque, ritmo e aquecimento; a eurritmia, que trabalha as forças da arte do movimento e a terapia artística que utiliza de modelagem, pintura e tecelagem para o desenvolvimento da criança.