A atriz norte-americana, Angelina Jolie, ganhou destaque na mídia de todo o mundo após declarar ter se submetido à dupla mastectomia (procedimento para retirada das mamas) preventiva.
Jolie optou pelo procedimento como método preventivo para o câncer de mama, após exames detectarem “falha” no gene BRCA1, que lhe dava 87% de chance de desenvolver a doença. Segundo a atriz, sua genitora faleceu jovem lutando contra o câncer e a cirurgia foi realizada para prevenir que os filhos a percam pelo mesmo problema.
Gene BRCA1
Para entender um pouco mais sobre o assunto, a Sempre Materna conversou com o especialista em Procedimentos Intervencionistas em Mastologia do Femme Laboratório da Mulher, Gustavo Badan. Confira:
O que é o problema ou “defeito” no gene BRCA1? É hereditário?
A “falha” decorre de uma alteração no DNA do gene BRCA 1 ou BRCA 2, porém os motivos pelos quais algumas pessoas desenvolvem esta mutação enquanto outras não, permanecem incertos. Este tipo de câncer de mama é hereditário e pode passar para as futuras gerações. Mas, apenas um em cada 20 casos de câncer de mama envolvem a mutação do gene BRCA 1 ou do BRCA 2.
Quais os exames que podem detectar este problema?
Existe apenas um exame de sangue que é capaz de detectar esta alteração genética. É chamado de exame para detecção de mutação genética dos genes BRCA 1 e 2. Infelizmente não está disponível pelo SUS. Só é indicado para os casos em que há fortes suspeitas de câncer de mama familiar. As pacientes consideradas de alto risco devem ainda realizar ressonância magnética das mamas e mamografias anualmente, a partir dos 25 anos de idade.
Este tipo de câncer oferece risco de morte?
O tumor pode ter um comportamento agressivo e crescer rapidamente, disseminando-se para outros órgãos, podendo evoluir até a morte da paciente. Por isto, é necessária a realização de exames de rastreamento anuais para a possibilidade do diagnóstico precoce, com isto a chance de cura pode chegar a 95%.
Há tratamentos? Quais?
Existe a possibilidade do tratamento clínico com uma substância chamada Tamoxifeno. Estudos comprovam que ela promove uma redução na chance de desenvolver o câncer de mama de 50% e que se aplicam também para as mulheres que não têm alto risco. Mas, mesmo assim, estas pacientes que tinham risco de 80%, ainda ficarão com 40%.
Por isto, o tratamento de escolha é cirúrgico. A melhor opção é a retirada profilática das mamas e ovários, após os 35 a 40 anos de idade, quando a mulher já teve filhos. A retirada da mama poupa a pele, aréola e mamilo e é reconstruída por prótese de silicone, devolvendo a silhueta mamária à mulher.
Há riscos?
Esta cirurgia não é isenta de riscos e danos estéticos podem ser causados, por isto deve ser realizada por especialista com grande experiência em cirurgias mamárias. A recuperação é semelhante à das pacientes que colocam próteses estéticas e normalmente requerem apenas um dia de internação hospitalar.
Qual possibilidade ou porcentagem de cura?
Com o procedimento cirúrgico, o risco de câncer de mama diminui para 5%.
A vida volta ao normal em quanto tempo?
Em média de 30 dias. A grande vantagem que a cirurgia proporciona é diminuir drasticamente o risco de câncer de mama em uma paciente sadia e, neste caso, não é necessária a realização de outros tratamentos como a quimioterapia ou radioterapia.