Sempre Materna

Do “GG” para o “P”

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Sair da maternidade usando manequim 36 e com o vestido que usou no Natal passado é o sonho de toda mamãe. Porém, sabemos que isso é praticamente impossível. São aproximadamente 40 semanas de modificações hormonais, ganho de peso que vale por dois e alterações físicas e estéticas que não conseguem ser resolvidas somente no parto.

Nas puérperas, o corpo precisa de um tempo para se reestruturar e voltar a sua forma antiga. A recuperação pode variar de acordo com o organismo de cada pessoa. Para as mulheres que praticam o aleitamento materno os efeitos são mais rápidos.

Estudos comprovam que amamentar acelera a cicatrização e estimula as contrações uterinas, o que favorece o retorno do útero ao seu tamanho original. Assim, temos mamães elegantes em menos tempo.

Mas, do ponto de vista estético, as mulheres querem resultados instantâneos. O espelho torna-se o grande inimigo apontando as diferenças da silhueta antes e depois da gestação. Seios flácidos, estrias, abdômen com acúmulo de gordura e quadris mais avantajados são as mais comuns.
É hora de pedir socorro. Além da procura por equipes multidisciplinares – nutricionista, personal trainer, psicólogo – o cirurgião plástico é um dos profissionais mais requisitados nessa fase.

Como ser mãe e bela ao mesmo tempo? Para falar sobre esse assunto, a Sempre Materna conversou com o cirurgião plástico Dr. Alan Landecker, Membro Titular e Especialista em Cirurgia Plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), que explica detalhes dos benefícios e restrições da cirurgia plástica no pós-parto.
É permitida a cirurgia plástica no período do pós-parto?
Permitido é, mas não é recomendado. A regra geral é fazer a cirurgia plástica apenas seis meses após o fim da amamentação, porque o organismo fica sob efeito de uma série de hormônios e mesmo depois do parto ainda existe inchaço, acúmulo de gordura aonde não devia ter, ou seja, o corpo ainda fica destorcido por um período. E não é indicado realizar a cirurgia plástica nessa fase.

Quais os riscos para a mulher?
O principal risco na minha concepção é o mal resultado. Você realiza a cirurgia, mas não tem parâmetros, pois o corpo não está no seu estado normal. Desses resultados, a insatisfação mais comum é em relação à estética pós-cirúrgica.

A cirurgia plástica pode interferir no aleitamento materno?
Sim, pode. Durante o período do aleitamento materno existe uma série de medicamentos que não devem ser ingeridos. E a anestesia e outros medicamentos relacionados à cirurgia podem interferir na composição do leite oferecido à criança.

Quais as restrições relacionadas à cirurgia plástica no pós-parto?
No período certo, ou seja, após os seis meses do término da amamentação, a paciente é vista como normal para uma cirurgia plástica. Mas, é necessária uma avaliação médica criteriosa. Só existe restrição para pegar peso, assim a mulher não poderá ter a rotina sozinha com o bebê.

Quais os tipos de cirurgias plásticas mais comuns após o parto?
Mamas e abdômen basicamente, pois são as partes do corpo que mais se modificam durante a gestação. Há casos onde a pele não consegue retrair suficientemente, gerando flacidez e assim alteração do contorno corporal.
Para as mamas, há duas possibilidades. Quando as mamas atrofiam e ficam retraídas, mas sem flacidez de pele, o implante mamário pode ser suficiente. Quando há flacidez de pele, corrige-se tirando o excesso de pele. Em algumas pacientes o implante também pode ser utilizado.
No abdômen, normalmente a procura acontece por flacidez, acúmulo de gordura na parede e flacidez muscular – os músculos ficam separados, o que chamamos de diástase. Isso gera uma fraqueza na parede muscular, as vísceras se insinuam pra frente, o que gera uma protuberância, ou seja, perde-se o abdômen reto. A abdominoplastia geralmente é capaz de corrigir estes problemas.

Além da preocupação com a estética, há algum tipo de cirurgia por questão de saúde?
A maioria das cirurgias plástica é estética, ajudando a restabelecer a autoestima da mulher depois da gravidez. Uma exceção seria a rinoplastia em pacientes com problemas funcionais. Nessas, a otimização da função respiratória é uma questão de saúde!

Mulheres que ganharam peso além do indicado na gestação podem partir direto para a cirurgia?
A regra é qualquer paciente que vai fazer alguma cirurgia no corpo, pós- gravidez ou não, precisa estar no seu peso ideal, ou próximo dele. Se estiver com sobrepeso precisa de programa de educação física e acompanhamento nutricional antes do processo cirúrgico. Acima do peso, o resultado não será satisfatório e há mais riscos de complicações, como infecção na ferida cirúrgica e trombose. É importante deixar claro que cirurgia plástica não deve ser feita para emagrecer.

Há diferenças nas recomendações de mulheres que fizeram parto normal ou cesárea?
Não há. Os procedimentos são os mesmos.

A prótese de silicone pode ser colocada quanto tempo após o parto?
Depois de seis meses do término da amamentação, a mama já estará no seu estado normal.

Ela pode atrapalhar a amamentação?
Não. A prótese colocada corretamente não atrapalha a amamentação. A mulher pode praticar o aleitamento materno normalmente. Como prevenção é indicado que a mulher realize exames anuais para o controle das mamas, após a inclusão da prótese.

A cirurgia plástica resolve o problema das temidas estrias?
Estrias são cicatrizes profundas na derme (uma das camadas profundas da pele). E não tem cura, a não ser que você retire cirurgicamente. Quando uma paciente faz uma plástica no abdômen, após a gestação, é comum que tenha estrias entre o umbigo e o púbis. Dessa forma é possível tirar a pele que contém as estrias. Caso contrário, não há cirurgia específica, por exemplo, no bumbum não tem solução, a não ser alguns tratamentos estéticos que melhoraram o aspecto, como laser e peeling para clareá-las.

A cirurgia plástica deve ser a primeira opção da mamãe ou deve procurar outros caminhos antes de recorrer a este?
Qualquer pessoa, independente de gravidez ou não, deve procurar nutricionista e exercícios físicos antes de pensar em cirurgia plástica. Não é correto recorrer como primeira opção, pois toda cirurgia tem riscos. Se for possível resolver sem, é melhor para o paciente.

No caso da mulher ter uma segunda gestação, os resultados podem desaparecer?
Sim. Os resultados e benefícios podem ser prejudicados. A ideia é que a cirurgia seja feita depois de encerrada a prole. Por isso, é indicado que a mulher converse com o cirurgião sobre suas vontades futuras, pois não adianta você fazer uma cirurgia hoje e ter uma nova gravidez depois um ano.

É possível aproveitar a cirurgia da cesárea para fazer algum tipo de correção? Qual?
Não, pois o corpo está sob efeito dos hormônios. Uma rara exceção é, no segundo parto, corrigir a cicatriz da primeira gravidez.

Quais exageros em prol da beleza a mulher não deve cometer no pós-parto que podem trazer complicações para ela e para o bebê?
O principal é querer perder o peso da gravidez instantaneamente após o parto com uma cirurgia plástica.  É importante lembrar que cirurgia plástica é indicada para corrigir depósitos de gorduras localizadas e/ou flacidez de pele em pacientes que estão no peso ideal, ou próximo disso.
Precisam adotar uma rotina saudável com alimentação equilibrada e exercícios físicos. Muitas mulheres depositam na cirurgia plástica todas as esperanças de conseguir um corpo renovado. Mas, elas precisam ter consciência de que a cirurgia será o complemento de um programa de bem-estar, que inclui dieta balanceada, exercícios físicos e também equilíbrio psicológico.

Quais as dicas para a mamãe que quer realizar uma cirurgia plástica?
É importante que a paciente procure um especialista que seja membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e sempre realizar as cirurgias em hospitais que tenham UTI e todas as normas de segurança exigidas pela vigilância sanitária.