Segundo pesquisas, a falta de preparo das gestantes e o medo de um parto normal difícil e doloroso são os principais motivos dos altos índices da realização do parto cesariana.
Na realidade, o parto normal tornou-se um grande medo. A maioria das gestantes teme as dores do tão falado trabalho de parto e, embora o nascimento seja um dos momentos mais bonitos de toda a gravidez, é também o momento de mais aflição. Segundo a literatura médica, trabalho de parto realmente significa trabalho, principalmente para as que optaram e têm indicação para o nascimento vaginal.
No parto natural não é importante apenas o físico da mulher mas também seu lado emocional. Nessa hora a gestante pode passar por grande medo e ansiedade por não saber o que vem pela frente, por isso é importante e essencial o apoio do companheiro ou de alguém da família e a confiança no profissional médico.
A revista Sempre Materna conversou com ginecologista e obstetra Carlos Alberto de Freitas Bárbaro, para esclarecer todos os pontos que cercam esse tão temido assunto.
Todas as mulheres têm indicação para o parto normal?
Três fatores devem ser levados em consideração para determinar a possibilidade ou não do parto normal: a bacia (quadril) ou também chamada trajeto do parto, força das contrações uterinas e o próprio feto. Se estes fatores forem bem proporcionados, a probabilidade de parto normal é grande.
Quais as vantagens clínicas do parto natural?
A maior vantagem é a própria recuperação da parturiente. O parto normal, fisiológico e sem intercorrências é melhor tanto para a mãe quanto para o feto. É absolutamente mito dizer que o trabalho de parto é sofrimento para mamãe e bebê.
Como a gestante pode se preparar e colaborar para que seu parto seja normal?
Atualmente, existem cursos voltados para casais que orientam sobre as principais dúvidas com relação aos partos. Na minha opinião, participar desses encontros é fundamental para que a gestante esteja preparada física, mental e emocionalmente. Além disso, o diálogo constante com o obstetra também trará confiança.
Quando o parto normal deve ser evitado?
Existe um grande número de indicações tanto maternas, quanto fetais, para o parto cesariana. Dentre as maternas destacamse a desproporção entre a bacia (parte óssea materna) em relação ao tamanho do feto, alteração das contrações uterinas e apresentação fetal pélvica. Também dependendo do tamanho e da posição dos fetos em uma gravidez gemelar pode ser impeditivo, assim como cesarianas anteriores. Em gestante com mais de 40 anos a incidência do parto cesariana é uma realidade em função, principalmente, de patologias maternas.
Quais são os sinais da hora do parto e qual o momento certo de seguir para a maternidade?
O trabalho de parto divide-se em três fases dilatação, expulsão fetal e dequitação (expulsão da placenta). Os principais sinais que devem ser levados em conta no momento de dirigir-se à maternidade são as contrações uterinas rítmicas, acompanhadas ou não de cólica, com freqüência de duas contrações a cada dez minutos. Essa fase de dilatação é o período mais demorado e promove a abertura da parte inferior do útero e vai até o momento da expulsão do bebê. Para as gestantes do primeiro filho (primípara) essa fase pode durar até 15 horas e nas multíparas (mais de um parto) esse tempo é menor, geralmente dez horas.
Segundo a literatura médica a respiração é importantíssima para a gestante. O senhor pode nos explicar como a gestante deve proceder?
A respiração deve ter freqüência constante e profunda, quando preceder o esforço para a expulsão fetal. Mas, quando a dilatação do colo uterino é total, começa a expulsão. Para as mamães de primeira viagem essa fase pode durar até uma hora e para as multíparas 30 minutos. Nessa fase do processo, a parturiente iniciará o esforço para expulsão fetal e a respiração será diferente. O esforço deve ser precedido de inspiração profunda, seguido de oclusão da glote, ou seja, “prender a respiração” e realizar esforço como se fosse evacuar.
Quais os tipos de anestesias que são usadas no parto normal e em qual momento?
A analgesia mais utilizada é a denominada Analgesia Combinada Raquiperidural. Sua maior vantagem é o controle imediato da dor sem alterar a evolução das contrações uterinas, mantendo também a chamada prensa abdominal que nada mais é do que o esforço que a parturiente fará no período expulsivo do parto. Devido às características desta analgesia, ela pode ser instalada precocemente no trabalho de parto.
É possível durante o trabalho de parto o médico decidir migrar de um natural para uma cesárea? Quais motivos levam a isso?
Sim, é possível e os principais motivos são contrações uterinas incoordenadas, sofrimento fetal, parada na progressão da descida do feto pelo canal de parto e deslocamento prematuro da placenta.