Estima-se que mais 70 milhões de pessoas em todo o mundo estão vivendo com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, esse número representa 1% da população global. No Brasil, como não há um levantamento oficial, a estimativa é que esse número chegue a mais de 2 milhões de pessoas com TEA.
Os EUA, por exemplo, preveem um aumento no diagnóstico de adultos com TEA, que deve chegar a 3 milhões em 2020. Segundo pesquisadores americanos, 70% a 90% deles estão desempregados ou subempregados. Michelli Freitas, pedagoga especializada em Autismo e diretora do Instituto de Educação e Análise do Comportamento (IEAC), afirma que esse é um dos muitos problemas que o diagnóstico tardio por acarretar. “A falta do diagnóstico do autismo, mesmo que leve, pode resultar em doenças como ansiedade e depressão, pois essas pessoas têm dificuldade em compreender a razão de não se encaixam nos padrões e, muitas vezes, culpam a si mesmas por serem diferentes ou terem certas dificuldades de desenvolvimento e de relacionamento”, explica.
Pessoas autistas normalmente consideram aspectos de comunicação e interação social desafiadores. Eles podem ter dificuldade em se relacionar com outras pessoas e entender as emoções dos outros. Indivíduos com autismo também podem ter padrões restritos e repetitivos de comportamentos, atividades ou interesses.
Os sintomas do TEA em adultos também podem diferir entre homens e mulheres. No caso das mulheres autistas, por exemplo, elas tendem a ser mais calmas e a lidar melhor com situações sociais do que homens com autismo. Como resultado, pode ser mais desafiador diagnosticar o TEA em mulheres.
Confira os sinais e sintomas comuns de autismo em adultos:
● Falta de jeito ao se relacionar com os demais
● Comportamentos repetitivos
● Dificuldade em conversar
● Dificuldade em fazer ou manter amizades íntimas
● Desconforto durante o contato visual
● Desafios ao lidar com emoções
● Interesse extremo em um tópico em particular
● Monólogos frequentes sobre o mesmo assunto ou assuntos
● Hipersensibilidade a sons ou cheiros que não parecem incomodar os outros
● Preferência por atividades solitárias
● Problemas para ler as emoções dos outros
● Dificuldade em entender expressões faciais e linguagem corporal
● Dependência de rotinas diárias e dificuldade em lidar com mudanças na rotina
● Ansiedade social
“É importante ressaltar que os sintomas acima não são um padrão, eles podem variar de pessoa para pessoa”, ressalta a diretora do IEAC.
Diagnóstico e Benefícios
Viver uma vida inteira, ou parte dela, sem receber o diagnóstico do autismo faz com que essas pessoas aprendam a disfarçar os sinais, o que pode dificultar um especialista a detectar o TEA.
Diferentemente de crianças, que são conduzidas por seus pais, os adultos necessitam, antes de tudo, perceber que há algo de errado e fazer uma autoavaliação. O próximo passo deve ser procurar um especialista. “Um psiquiatra com experiência nesta área, ou até mesmo um NeuroPediatra, que também tenha capacidade de avaliação de adultos com autismo, são indicados para esses casos, explica Michelli.
O médico especialista irá analisar: Sintomas atuais e durante a infância; A interação com o indivíduo; A relação com a família, bem como outras condições de saúde física ou mental que sejam significativas.
Esse pode parecer um processo doloroso, mas que pode oferecer muitas vantagens. A primeira delas será contar com um maior apoio e compreensão dos familiares e amigos. E a segunda, buscar programas e benefícios para pessoas com autismo, além fazer um tratamento totalmente direcionado, buscando uma qualidade de vida.