Elas são o público menos atingido pela epidemia, mas ninguém sabe ainda como explicar isso. Veja as principais teorias e como proteger seu filho.
Dos quase cento e trinta mil acometidos pela Covid-19 no planeta (a doença provocada pelo novo coronavírus, Sars-Cov-2), pouquíssimos são crianças. Na China, 2,4% dos casos confirmados ocorreram nos mais novos, e 0,2% deles ficaram em estado crítico, como mostrou a Organização Mundial de Saúde em relatório de fevereiro.
Fora da China os casos são ainda mais escassos – a Organização Mundial de Saúde classifica o risco para crianças como baixo – e ainda não houve nenhuma morte registrada em crianças no mundo. O fenômeno é um alívio para pais e pediatras, mas permanece um mistério. Afinal, as crianças estão naturalmente protegidas do coronavírus?
Parece que sim, e há várias teorias a respeito. A primeira diz que as crianças até se infectam, mas na maioria das vezes não manifestam sintomas. Um novo estudo testou essa possibilidade em 391 adultos chineses diagnosticados com a Covid-19 e 1.286 pessoas de todas as idades que tiveram contato com eles. No final, os pesquisadores descobriram que menores de dez anos eram tão suscetíveis a contrair o vírus quanto os mais velhos, mas um risco bem menor de sofrerem sintomas severos como inflamação nos pulmões ou dificuldade respiratória.
O trabalho foi feito em parceria entre a Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health in Baltimore, dos Estados Unidos, e o centro de Prevenção e Controle de Doenças de Shenzhen, na China.
Sistema imune das crianças é mais eficaz contra o coronavírus?
Geralmente, por ainda estarem com o sistema imune em desenvolvimento, as crianças são o grupo de risco para versões graves de gripe, transmitida pelo vírus influenza, pneumonia e outras doenças respiratórias. No caso do corona, suspeita-se que a imaturidade seja de certo modo positiva, levando a uma reação mais equilibrada do corpo frente ao vírus. “Às vezes, o que faz um vírus ser mais agressivo é uma resposta imune exagerada ou desregulada, que gera o processo inflamatório por trás dos sintomas da doença”, explica Renato Kfouri, infectologista presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
As crianças, por ainda estarem com as defesas imaturas, não conseguiriam gerar tamanha inflamação contra o corona. É o estado inflamatório que causa febre, mal-estar e a inflamação nos pulmões que leva aos quadros mais perigosos da Covid-19. “Com menos inflamação, haveriam menos complicações”, propõe Lígia Camera Pierrotti, coordenadora médica da Infectologia do Grupo DASA, que reúne dezenas de laboratórios brasileiros e da América Latina. Esta inflamação exagerada, somada à presença de doenças crônicas e à queda na resposta imune inata relacionada ao envelhecimento (a que ocorre antes que sejam produzidos anticorpos específicos para aquele vírus), ajuda a explicar porque certas doenças são mais graves nos adultos do que nas crianças, como a catapora e a mononucleose. “Mas ainda não sabemos se isso é verdade também para o Sars-Cov 2. Temos só dois meses de epidemia, é tudo muito novo”, ressalta Kfouri. As epidemias anteriores de outros coronavírus, como a da Sars em 2003, e a Mers em 2012, também acometeram poucas crianças.
Mais hipóteses…
Outra teoria para explicar a baixa incidência nos pequenos é que, como as crianças são expostas frequentemente a outros tipos de coronavírus (geralmente causadores de resfriados comuns), seus anticorpos ofereceriam uma espécie de proteção “de tabela” contra a nova variante.
Fonte: Bebê.com.br