Sempre Materna

A ação da Vitamina C na guerra contra infecções respiratórias

O que realmente dizem os estudos sobre a ação da Vitamina C na guerra contra infecções respiratórias

Bem-estar (2)

Com a pandemia do Novo Coronavírus, fortalecer o sistema imunológico é extremamente importante para evitar complicações, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave; entenda o que dizem os estudos sobre o papel da Vitamina C nesse processo

 

Vitamina C

Você pode não se dar conta, mas existe uma máquina trabalhando dentro de você e um sistema extremamente importante: o imunológico. Ele é capaz de resistir a agentes infecciosos aos quais estamos constantemente expostos, mas como será que podemos estimulá-lo contra o Novo Coronavírus? “A vitamina C ou ácido ascórbico é um dos nutrientes que estão intrinsecamente envolvido com esse sistema, apoiando várias funções celulares do sistema imunológico inato e adaptativo, segundo o estudo Potential interventions for novel coronavirus in China: A systematic review, publicado em fevereiro deste ano. A revisão ainda cita três ensaios clínicos controlados em humanos que relataram uma incidência significativamente menor de pneumonia nos grupos suplementados com vitamina C, sugerindo que ela pode impedir a suscetibilidade a infecções do trato respiratório inferiores sob certas condições”, afirma Luisa Saldanha, farmacêutica e diretora científica da Pharmapele.

 

De acordo com a especialista, indivíduos com escorbuto, doença causada pela deficiência severa de vitamina C, apresentam alta susceptibilidade à infecções fatais, como pneumonia. “Dessa forma, sabe-se que a deficiência de vitamina C resulta em imunidade prejudicada e maior suscetibilidade a infecções. Assim, entende-se que manter os níveis adequados da vitamina, através da sua suplementação ou alimentação rica, pode ser capaz de prevenir e tratar infecções respiratórias e sistêmicas [segundo o estudo Vitamin C and Immune Function]”, diz a farmacêutica, que explica abaixo como funciona nosso sistema imune, composto por duas classes:

Sistema inato ou não específico – é nossa primeira linha de defesa contra agentes infecciosos e suas células de defesa são mobilizadas rapidamente em caso de uma infecção.

Sistema adaptativo ou específico – nossa segunda linha de defesa, que cria uma memória imunológica, ou seja, “lembra” já ter entrado em contato com um determinado organismo invasor. “Ele reage de forma mais lenta e específica, evitando uma nova contaminação”, afirma a especialista.

A farmacêutica explica que ambas as respostas envolvem respostas celulares e humoral que irão trabalhar para o extermínio do agente patógeno ou microrganismo. “Antioxidantes potentes como a vitamina C desempenham ação imunomoduladora especialmente em populações com hábitos alimentares deficientes nessa vitamina, segundo o estudo Immune-Enhancing Role of Vitamin C and Zinc and Effect on Clinical Conditions. Várias ações contribuem para seu efeito imunomodulador, sensibilizando as células do sistema inato e adaptativo”, diz a farmacêutica. “Ela estimula a função dos leucócitos, células que atuam na defesa do nosso organismo, ao proteger essas células do dano oxidativo. Além disso, modula a produção de citoquinas (mensageiros pró-inflamatórios), desempenhando papel importante na redução da inflamação. Quanto à resposta adaptativa, a Vitamina C aumenta os níveis de anticorpos no corpo.”

Vitamina C x infecções respiratórias – A noção de que a vitamina C afeta a susceptibilidade a várias infecções, particularmente infecções respiratórias é antiga, mas o tópico ganhou popularidade apenas na década de 70 quando o pesquisador Linus Pauling sugeriu que a suplementação da vitamina poderia reduzir a incidência e severidade de gripes [Vitamin C Supplementation and Respiratory Infections: a Systematic Review].

 

Estudos clínicos para avaliar a ação imunomoduladora da vitamina C em militares que apresentam 30 vezes mais chances de desenvolver pneumonia demonstram redução média de 30% na incidência da gripe comum e de mais de 80% na pneumonia, nas populações suplementadas com vitamina C, em doses que variaram de 0,3 a 2 g por dia, em diferentes grupos populacionais, com base nos estudos: Vitamin C prophylaxis in marine recruits; Colored precipitation reaction of the urine according to Kimbarowski as an index of the effect of ascorbic acid during treatment of viral influenza; e Vitamin C intake and susceptibility to pneumonia.

 

Vitamina C x COVID-19 – Na atual pandemia causada por Sars-CoV-2, alguns estudos clínicos têm sido conduzidos para verificar se a administração de vitamina C intravenosa pode auxiliar no tratamento da COVID-19. Tais estudos sugerem que há redução da mortalidade [Theory about Treatments and Morbidity Prevention of Corona Virus Disease (Covid-19)], porém os resultados não são conclusivos [Clinical trials on drug repositioning for COVID-19 treatment]. “Médicos chineses da Tokyo-based Japanese College of Intravenous Therapy sugerem que a vitamina C intravenosa é segura, efetiva e apresenta amplo espectro viral. Diante dos resultados vivenciados, sugerem também a vitamina C como prevenção à COVID-19, apesar de não haver estudos específicos”, diz a farmacêutica. A vitamina C é solúvel em água, portanto, seu corpo excreta tudo o que você não precisa na urina. No entanto, em doses muito altas, a vitamina C pode causar diarreia ou aumentar o risco de pedras nos rins (especialmente em homens), por isso procure um médico ou farmacêutico para prescrição correta e não exceda 2.000 mg por dia.

 

Fonte: PHARMAPELE