Mulheres com menos de 30 anos têm chances de gestação, ao mês, ao redor de 25%. Entre 36-37 anos, caem para cerca de 15%. Entre 38-40 anos, 10%, e 5% entre 41 e 42 anos. Juntamente com a queda das taxas de gestação ocorre o aumento das chances de abortamento e de alterações cromossômicas, sendo a mais conhecida a síndrome de Down. Esses fatores estão diretamente ligados a idade materna, ou seja, a idade do óvulo.
A ovogênese (nome dado ao processo de formação dos óvulos) inicia-se durante a vida fetal da mulher e não volta a acontecer em nenhuma outra fase. Ou seja, ela tem seu início e fim na vida fetal. Aos 6 meses de gestação, o feto feminino contém cerca de 7 milhões de óvulos, caindo para 2 milhões ao nascimento. Essa redução se mantém ao longo de toda a infância e, na puberdade, restam 400 mil óvulos.
Ao longo da vida reprodutiva, perdemos todo o ‘estoque’ de óvulos. Quando isso acontece, inicia-se o período da menopausa (ocorre, em média, aos 48 anos na mulher brasileira). Todo mês, em cada ovulação, não produzimos novos óvulos. Eles já estão no ovário desde a nossa vida fetal, e o óvulo já existente é recrutado para ser liberado na ovulação.
A importância dessas informações está relacionada ao fato de que o “estoque” de óvulos é finito. “Não há uma produção contínua de óvulos como os homens têm de espermatozoides. Ao contrário. A cada dia que passa, temos menos óvulos disponíveis. Estes não sofrem perda somente em número, mas também em qualidade, fato esse que justifica a diminuição das taxas de gravidez com o avançar da idade da mulher”, reforça a ginecologista.
Alternativas de gestação: Os tratamentos de fertilização in vitro (FIV) aumentam em, aproximadamente, duas vezes a taxa de gestação, mas também variam com a idade dos óvulos, pois o tratamento não faz com que haja uma nova produção dos mesmos. A chance de gestação é maior do que as taxas naturais, pois já é colocado um embrião pronto dentro do útero da mulher, após a fertilização dos óvulos com espermatozoides em laboratório.
A solução para mulheres conseguirem uma gestação em idade mais avançada é o congelamento de óvulos para uso posterior ou a realização da FIV, utilizando óvulos doados. O processo de ovodoação acontece quando mulheres com idade menor do que 34 anos, que realizaram a FIV, optam por doar seus óvulos excedentes para outra mulher que necessite.
Os óvulos congelados mantêm a mesma capacidade reprodutiva (ou seja, a mesma chance de gestar) desde o dia em que houve o congelamento. Por exemplo: uma mulher que congelou seus óvulos com 34 anos e quer engravidar aos 46, tem uma chance ao redor de 50-60%. Sem o congelamento, sua chance de engravidar de forma natural seria menor que 1%. O mesmo vale para óvulos doados.
Precisão: Como as mulheres estão postergando cada vez mais a gestação, a idade materna vem aumentando, assim como a utilização de tratamentos de reprodução assistida. “Infelizmente, os métodos disponíveis para avaliação da reserva ovariana são imprecisos, especialmente em mulheres mais jovens, dificultando a orientação das mesmas em relação ao seu futuro reprodutivo. Apesar da imprecisão, recomenda-se solicitar os exames disponíveis para mulheres que desejam gestar, mas que não decidiram quando, e o congelamento de óvulos deve sempre ser orientado, principalmente se a mulher tem mais de 35 anos”.
Riscos: Toda gestação após os 35 anos é considerada de risco. Além da queda da fertilidade, há maiores riscos obstétricos decorrentes tanto do envelhecimento ovariano quanto da frequência aumentada de doenças crônicas pré-existentes na mulher, que aumentam com o decorrer da idade. Há maior incidência de pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, obesidade, parto prematuro, aborto espontâneo e síndrome de Down.
“O período ideal para gestação é entre os 20 e 30 anos. Isso porque, além de ser a fase de maior fertilidade, há menor incidência de doenças crônicas e menor risco de aparecimento de patologias na gestação, tanto para a mãe quanto para o feto. Apesar do descrito acima, há vantagens, sim, em gestar após os 40 anos. Mulheres mais velhas são mais experientes, têm carreiras profissionais consolidadas e experimentam a gestação em um momento da vida onde não há tantas dúvidas e incertezas”, finaliza.
Fonte:
Flávia Ghiurghi – FGR Assessoria de Comunicação
(11) 9-9716-2800 flaviavghiurghi@hotmail.com / flaviaghiurghi@gmail.com
Dra. Karina Tafner, ginecologista e obstetra, especialista em endocrinologia ginecológica e reprodução humana pela Santa Casa, e especialista em reprodução assistida pela FEBRASGO. Segundo ela,