Muito além dos nutrientes contidos no leite, o aleitamento materno tem contribuição fundamental em toda a formação bucal, dentária e muscular da boca do bebê
A relação do bebê recém-nascido com o aleitamento materno fará parte da continuidade do seu desenvolvimento após o nascimento por um longo período, em áreas de sua saúde que muita gente nem imagina e, sobretudo, na saúde bucal. É o que revelam as especialistas no assunto: Dra. Vivian Farfel, odontopediatra pela USP, e Cinthia Calsinski, enfermeira obstetra consultora internacional de lactação pela IBLC.
As especialistas reuniram didaticamente 4 pontos cruciais que precisam ser conhecidos para que as pessoas possam tomar decisões conscientes em torno da alimentação de recém-nascidos em seus primeiros meses de vida com leite materno, pensando no perfeito equilíbrio neuromuscular dos tecidos que envolvem o aparelho mastigatório e a formação dos dentes:
1- Contribui com o pleno desenvolvimento muscular e ósseo. “O ato do aleitamento materno propicia ao bebê, ao longo do tempo, harmonia facial, auxilia na respiração nasal e na fala, no posicionamento adequado de dentes e da língua”, explica a consultora de amamentação Cinthia Calsinski.
Vivian Farfel, explica que amamentado de forma natural, o bebê faz cerca 2.000 a 3.500 movimentos mandibulares, enquanto, através da alimentação artificial (mamadeira), os movimentos limitam-se a 2.000, fazendo com que o bebê acabe buscando outros meios para satisfazer o prazer emocional que a sucção traz (por meio de maus hábitos bucais, como a sucção do dedo e da chupeta).
A odontopediatra ainda reforça que o processo diminui a chance de cáries, melhora a qualidade dos dentes – por ser o leite humano uma importante fonte de cálcio – e diminui a chance da utilização de itens nocivos.
2- Uso da língua interfere no sistema nervoso autônomo. “A postura da língua ajuda a desenvolver o sistema nervoso autônomo, em particular o nervo vago, que é de extrema importância para o equilíbrio digestivo do organismo. Para extrair leite do seio materno, os bebês aprendem a usar a língua para empurrar o mamilo materno contra o palato”, detalha a Dra. Vivian Farfel.
3- Previne contra dentes tortos. “Para extrair leite do seio materno, os bebês aprendem a usar a língua para empurrar o mamilo materno contra o palato. O que ajuda a desenvolver a maxila e ampliar o palato, abrindo espaço para os dentes, ajudando, assim, a prevenir dentes tortos”, analisa Dra. Vivian, complementada pela especialista em lactação, Cinthia Calsinski: “A falta de estímulo adequado para músculos e ossos pode ocasionar esses desvios e a maloclusão, que é um mal encaixe entre as arcadas dentárias superiores e inferiores”.
4-Oferece à boca os nutrientes necessários e pode até ter interferência genética! “O organismo materno faz um cálculo cuidadoso de quantos nutrientes ele pode dispensar. Além disso, sua composição varia durante o período de lactância no que se refere a componentes bioativos, incluindo fatores imunológicos, sugerindo que a mãe, através da amamentação, tem o poder de interferir na genética do seu filho durante a lactação e determinar se aquele bebê predisposto geneticamente a determinada doença irá ou não manifestá-la. O leite tem o poder de ligar e desligar determinados genes”, revela Dra. Vivian Farfel.
Fonte: Dra. Vivian Farfel -CRO 59.111SP e Cinthia Calsinski Enfermeira Obstetra
Imagem: Shutterstock
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