Os tratamentos elevam de quatro a dez vezes a chance de complicações na gestação e podem até interferir na fertilidade feminina
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 70% das mulheres tem contato com o vírus do HPV em algum momento de suas vidas. E de acordo com estudos internacionais a prevalência da infecção por HPV é maior na fase reprodutiva da mulher, entre os 16 e 30 anos. Isso porque o vírus tem mais facilidade em penetrar na região do colo quando há maior produção de hormônios. Os procedimentos que tratam esse problema podem elevar as chances de parto prematuro, aborto espontâneo e até infertilidade.
A médica ginecologista Alessandra Bedin Rubino, do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que as infecções pelo vírus podem ser de baixo ou alto grau e, apesar de em grande parte serem benignas, devem ser tratadas para evitar o seu desenvolvimento. Na maioria das vezes, o corpo elimina naturalmente o vírus, mas quando isso não acontece, é necessário aplicar o tratamento conforme a gravidade da lesão.
A médica alerta para outra constatação: a reação inflamatória também pode atrapalhar a concepção. “Essa dificuldade é mais frequente do que se imagina, até 20% das pacientes têm a fertilidade prejudicada por causa das infecções e seus tratamentos”, comenta.
Tudo isso poderia ser facilmente evitado com uma medida simples que é a vacinação contra o contágio. A eficiência e segurança da imunização já foi amplamente discutida e comprovada, inclusive pelo governo que incorporou recentemente a imunização para meninas de 11 a 13 anos no Plano Nacional de Imunização e, que nesta semana iniciou a segunda fase em todo o país. “Quando mais cedo iniciar a prevenção, maiores são as chances de evitar as lesões do colo e todas as suas consequências”.
Mesmo depois das prevenções tomadas, há ainda a possibilidade de reinfecção: estudos apontam que 50% de pacientes que entram em contato com o vírus naturalmente não produzem resposta imunológica para combatê-lo, o que significa que podem vir a se infectar por outros tipos do mesmo vírus. Já na outra metade que produz a proteção natural, o nível de anticorpos produzidos é baixo e não garante proteção.
Aproximadamente 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras de HPV, sendo 32% infectadas pelos tipos 16 e 18, ou ambos, principais causadores do câncer do colo do útero.