Aos poucos a figura masculina entra ação nos cuidados com os filhos
Enquanto trocar fraldas do bebê para as mamães é algo rotineiro, para os papais pode ser um grande evento. Nesse momento, não faltam palpites femininos e, claro, uma severa supervisão. Em clima tenso e apreensivo, as reações são diversas. Há aqueles que ficam nervosos e derrubam tudo, outros com crise de riso, tem também os que abandonam o bebê sozinho e desistem, além dos que seguem a risca as dicas da mamãe e no final nada sai certo. Pode até parecer engraçado, mas é real.
Segundo a psicóloga, Ruth Gheler, assim como para a reprodução é necessária a união do sexo masculino com o feminino, na gravidez e após o a chegada do bebê não é diferente.
Mas, a distinção começa pela própria licença paternidade, de apenas cinco dias, se comparada com a materna de no mínimo 180 dias. Quando o pai chega com o recém-nascido em casa e começa a se adaptar com a nova rotina é hora de voltar ao trabalho. Horários corridos, reuniões, trânsito e poucos minutos para curtir ao lado do bebê. “Entre tantos compromissos, reservar alguns minutos para o filho é essencial para o desenvolvimento da criança e convívio familiar”, afirma a especialista.
Entretanto, com o instinto materno excitado e o anseio de proteção ao RN, as próprias mamães tendem a bloquear essa interação. “Há mulheres, muito inseguras, que se sentem poderosas durante a gravidez, uma vez que carregava o filho, e com o nascimento se apropriam dele não deixando que ninguém, nem mesmo o pai, se aproxime”, explica a psicóloga, que completa, “Essa concentração da maternagem pode deixar o companheiro sentir-se excluído e a relação com a criança vai depender de sua maturidade emocional.”
Ruth ressalta que as mães devem permitir que o pai, de seu modo particular interaja com o bebê. Para que essa rivalidade entre o casal se torne parceria é preciso ficar claro que cada um tem seu espaço e importância singular. E para o crescimento saudável da criança, a presença e o amor de ambos são inevitáveis. “É interessante observar que mães, em geral, tendem a se relacionar com seus bebês, além dos cuidados que atendem suas necessidades básicas, falando com eles. Enquanto que os pais costumam se relacionar de modo mais corporal, como jogá-lo para o alto, e fazer cócegas. O modo de interagir possibilita a eles variedade nos padrões relacionais, e com o passar do tempo, aprendem e se identificar com características mais corporais e/ou verbais”, explica a psicóloga.
Vindos de uma cultura machista e patriarcal, mais precisamente da década de 60, quando o papel de pai era visto como sinônimo de autoridade, hoje, os novos pais têm a consciência da sua importância na rotina da criança. Estudos de sociologia apontam que as famílias estão em mutações, e que atualmente existem vários tipos delas tentando se adaptar aos novos moldes sociais. Com a modernidade, podemos dizer que, mesmo com alguns contratempos, a imagem de pai está renovada para um homem emocional, ativo e que respeita às questões do lar. “O espaço familiar é o lugar preferencial da vida afetiva das crianças. A participação dos pais no desenvolvimento dos filhos é essencial para a proximidade afetiva da família”, finaliza Ruth Gheler.
Fonte: Ruth Gheler