Psicóloga fala sobre o desafio de mães que deixam seus bebês para voltar ao trabalho
Para muitas mulheres, a maternidade é um sonho. Mas, meses depois do bebê nascer, especialmente para aquelas que não deixam de lado a vida profissional, é hora de voltar à realidade.
São raras as mulheres que podem ou querem dedicar-se exclusivamente ao bebê. E, por estas razões, o fim do período da licença maternidade é motivo de muitas angústias, dúvidas e inseguranças, que, para a psicóloga comportamental Maria Aparecida das Neves, é uma fase pela qual todas passam.
“Não importa se a mulher ficou sem trabalhar quatro, seis ou oito meses – quando ela consegue emendar dois períodos de férias na licença maternidade. O sofrimento de ter que afastar-se do bebê é igual para todas”, afirma.
Para que este período de readaptação – e de acúmulo das funções de mãe e profissional – seja atravessado da melhor maneira possível, a psicóloga acredita que a palavra-chave é conforto. “A nova situação tem que deixar a mãe confortável para voltar ao trabalho. E isso se consegue quando a mãe sabe que seu bebê está em segurança e tem estrutura para ser cuidado na sua ausência”, defende.
Apesar de afirmar que “não existe manual, pois cada caso é único”, Maria Aparecida dá algumas dicas para quem está passando por esta situação:
Crie uma estrutura confiável: com isso, você saberá que a criança está em segurança e conseguirá trabalhar mais despreocupada. Entre uma creche, uma escolinha ou os cuidados de um parente, muitas vezes esta última é a melhor opção. “O inconveniente é que ele não vai conviver com outras crianças, mas isso só traz um benefício maior depois dos 3 ou 4 anos de idade”, diz.
Busque ajuda: para escolher com quem deixar a criança, vale pedir conselhos para outras mães, pessoas conhecidas, amigos e até o pediatra. “Visitar todos os locais e descobrir com qual deles você mais se identifica também é importante”, diz a especialista. Se a escolinha escolhida ficar perto de sua casa, mas longe do trabalho, é importante ter sempre alguém com quem contar para buscar o bebê em uma eventual ausência sua – seja por atraso no trabalho, no transporte etc.
Amamente o quanto puder: mesmo que precise deixar mamadeiras prontas, faça-o com leite materno e ofereça o peito sempre que for possível. “A criança sempre vai procurar o aconchego do peito da mãe”, encoraja Maria Aparecida.
Entenda que os primeiros dias são um período de exceção: Logo depois de retomar a rotina de trabalho, a jornada dupla pode pesar. O cansaço é inevitável, graças às noites mal dormidas, a necessidade de ter hora para acordar, ao cansaço natural da jornada de trabalho somada às obrigações maternas. Mas, garante a psicóloga, esse período é passageiro e logo a rotina se normaliza.
Tenha uma boa conversa com seu companheiro: Explique, antes mesmo de voltar a trabalhar, que, quando isso acontecer, a divisão de tarefas será ainda mais fundamental para que você consiga dar conta de assumir os dois papéis: mãe e profissional. Faça uma lista de tarefas, peça ajuda e divida as responsabilidades.
Converse sobre o que vai acontecer com o bebê: por menores que sejam, as crianças entendem o que acontece ao seu redor. Antes de ocorrer essa mudança, converse com a criança nos dias que a antecedem, explicando o que vai acontecer, como será a nova rotina, quais serão os benefícios desse novo modelo. “Se a criança for um pouco maior, fale sobre como será divertido conhecer outras crianças, fazer amiguinhos, brincar na nova escola. E nunca deixe de dizer que, enquanto ela estará lá, você estará trabalhando, mas que voltará para buscá-la todos os dias”.
Tenha maturidade para enfrentar a situação: é normal que a criança chore nos primeiros dias ao se separar da mãe. Mas a mãe não deve mostrar tristeza ou arrependimento neste momento. “Muitas mães choram quando levam as crianças à escola e elas entram felizes. As mães sentem que seus filhos não as amam tanto, mas isso não é verdade. Se a criança não chora, é um bom sinal; significa que ela está preparada para enfrentar aquela situação”
Fonte: Em Pauta Comunicação