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Anemia e gestação podem representar combinação fatal

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Alimentação inadequada e falta de assistência pré-natal estão entre as principais causas da anemia gestacional

A anemia em gestantes é uma condição frequente e perigosa. “Em países desenvolvidos, estima-se que aproximadamente 18% das gestantes apresentem anemia durante a gravidez. Nos países em desenvolvimento, o índice aumenta de maneira significante, variando de 35% a 75%”, afirma o hematologista Sandro Melim.

 

Segundo o especialista, casos severos estão associados a uma acentuada taxa de mortalidade entre as gestantes. Todavia, graus leves e moderados parecem não aumentar tal risco. “Grande parte dos casos está relacionado a questões socioeconômicas, como falta de nutrição adequada e dificuldade de acesso aos serviços de assistência pré-natal”.

 

Além de questões socioeconômicas, a anemia gestacional acontece por diversas causas. “Entre os principais motivos está o aumento na demanda de ácido fólico pelo organismo – devido à produção dos tecidos e órgãos do feto”, destaca o hematologista. Baixos níveis de ácido fólico colocam a gestante em risco de desenvolver anemia megaloblástica. Isso pode acarretar problemas irreversíveis para o feto, como defeitos na formação do tubo neural (estrutura que dá origem ao cérebro e à medula espinhal).

 

Há ainda o aumento na demanda de ferro pelo organismo, que também ocorre por causa da produção de células e tecidos do feto. A ausência de ferro aumenta o risco de desenvolvimento de anemia ferropriva – que pode levar ao desenvolvimento inadequado da placenta, gerando problemas durante a gestação e na hora do parto.

 

Os sintomas desta doença durante a gravidez são idênticos aos apresentados por não grávidas. “O acompanhamento médico é imprescindível, pois muitos desconfortos podem ser confundidos. Por exemplo, fraqueza, sensação de falta de ar, fadigabilidade e irritabilidade podem ser relatadas por gestantes sem que estejam com graus significativos de anemia. Tais sintomas podem ser causados pelo aumento de peso, aumento do volume uterino, instabilidade emocional, entre outras alterações”, explica Dr. Melim.

 

O diagnóstico segue as mesmas linhas gerais da análise feita em não grávidas. É importante realizar avaliação da história clínica da gestante, assim como um exame físico completo. Além disso, exames laboratoriais para avaliar os estoques de ferro e ácido fólico do organismo podem ser necessários em vários momentos da gestação. Em casos mais severos, pode ser necessário lançar mão de exames de imagem e até mesmo procedimentos invasivos, como a amniocentese – que avalia a anemia diretamente no feto.

 

Conforme o médico, a prevenção pode ser feita com suplementação de ferro e ácido fólico, além de orientação nutricional. É importante lembrar que gestantes vegetarianas devem receber suplementação de outras vitaminas, como as do “complexo B”, que estão presentes principalmente em alimentos de origem animal. As futuras mamães que desenvolvem anemia moderada e severa podem necessitar de doses maiores de ferro. “Em alguns casos, pode ser necessário usar reposição intravenosa de ferro ou mesmo hemotransfusões para o tratamento”, conclui Dr. Sandro Melim.

 

Fonte: Delboni Auriemo Medicina Diagnóstica