Sempre Materna

Balanço do terror

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O movimento de ninar é comum para acalmar o choro do bebê, mas pode se transformar em violência

Quando seu filho estiver aos berros, manter a calma é o melhor remédio. Nada de “chacoalhões”, afinal o pequeno é indefeso e precisa ser acolhido. Responsável por 13% dos casos de morte por abuso infantil, a Síndrome do Bebê Sacudido (SBS) é uma forma de agressão pela qual a criança é balançada violentamente, produzindo um movimento de aceleração-desaceleração na cabeça que causa lesões ao cérebro ou coluna cervical.

Segundo o psicoterapeuta, João Augusto Figueiró, do Hospital das Clínicas da FMUSP – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo -, a Síndrome do Bebê Sacudido é a maior causa de insultos não acidentais em crianças. Requer pronto reconhecimento e atendimento pelos riscos de morte ou dano neurológico e visual.

Pesquisas apontam que as vítimas geralmente são menores de três anos, a maioria com menos de 12 meses e ocorre porque pais ou cuidadores perdem a paciência e o autocontrole e balançam brutalmente o bebê após período de choro continuado. “Expectativas não realistas a respeito da criança e da maternidade podem explicar porque há tantos casos de bebês sacudidos entre mulheres que planejaram a gravidez. Sentimento de isolamento social é uma queixa comum das mães. Mas, também são fatores o excesso de drogas e estresse emocional”, explica Dr. João, também  Presidente do Instituto Zero a Seis.

Infelizmente, de acordo com o especialista, os homens (pais, padrastos ou namorados) e babás também são agressores. Por isso, é fundamental selecionar com critérios quem cuidará do bebê.

Frágeis e delicadas, até por volta dos três anos de idade as crianças estão em constante desenvolvimento. Figueiró esclarece que nesse período os músculos do pescoço são fracos e não podem prevenir movimentos violentos; o sistema nervoso não está completamente formado e o cérebro contém uma quantidade maior de água, assim tornando-se mais sensível à lesões. “É importante lembrar que quanto mais nova for a criança mais susceptível é a problemas”.

A atenção a saúde do bebê é essencial. Se desconfiar que algo não esteja bem, leve-o imediatamente ao pediatra. “São encontrados hematomas e às vezes fraturas múltiplas, nos locais onde o agressor segurou a criança. Na coluna cervical os danos podem ocorrer com níveis menores de velocidade e aceleração da cabeça  em relação a lesões intracranianas. Entretanto, geralmente não há sinais externos de violência que expliquem a hemorragia cerebral ou da retina”, alerta o psicoterapeuta. E completa: “Atualmente, a Tomografia Computadorizada e a Ressonância Magnética possibilitam a melhora do diagnóstico médico”.

Entretanto, a professora, Lúcia C. A. Williams, coordenadora do Laboratório de Prevenção à Violência da Universidade Federal de São Carlos (Laprev), diz que os profissionais da saúde estão em posição privilegiada para oferecer conselhos e suporte às famílias, mas muitos deles desconhecem o SBS. “O trabalho de informação é chave, a começar ensinando que jamais se deve sacudir o bebê (em hipótese alguma)”.

Para alertar o mundo contra esses abusos, foi lançado esse mês o Projeto Internacional de Prevenção de Maus Tratos contra Bebês, em São Paulo. O objetivo é informar e orientar pais, educadores, cuidadores em âmbito internacional.

 

 

Veja as dicas da professora Lucia C. A. Williams do que fazer na hora do inconsolável choro do bebê:

 

 

  • Tente alimentar o bebê novamente;
  • Troque a fralda ou as roupas;
  • Embrulhe o bebê e coloque-o no berço;
  • Abrace o seu filho;
  • Tranquilize o bebê com música ou massagem;
  • Coloque-o em lugar calmo ou mais escuro;
  • Verifique se o ambiente está confortável (temperatura, luminosidade);
  • Leve o bebê para passear em um local fresco;
  • Peça ajuda para alguém que esteja mais calmo que você para cuidar dele;
  • Deixe o bebê no berço, saia do quarto, respire fundo, procurando acalmar-se e, então, volte para lá;
  • Chame uma pessoa em que confia para lhe dar assistência;
  • Distraia o bebê com brinquedos;
  • Consulte um pediatra ou profissional de saúde infantil;
  • Mas NUNCA, sacuda o bebê!!!
  • Fonte: Sempre Materna