17 de mai. de 2024

Produto inadequado e limpeza excessiva na região íntima pode surgir infecções e alergias

Realizar a higienização da vulva de forma incorreta, com frequência excessiva e produtos inadequados, pode ser tão prejudicial quanto não a realizar. Ginecologista dá dicas para praticar o cuidado da melhor maneira possível.

Infecções e alergias na região intimam: Entre os principais cuidados que a mulher deve tomar para manter a saúde da região intima em dia está a higiene, pois é o modo mais eficaz de controlar a quantidade de fungos e bactérias causadores de corrimentos, coceiras e doenças do trato vaginal, como candidíase e vaginose.

A região íntima é uma área muito propensa a infecções, irritações e alergias por conter secreções, ser abafada e muito próxima ao ânus e a uretra, além de possuir uma pela mais fina, sendo assim mais suscetível a agressões causadas por fatores internos e externos. Logo, deve ser higienizada diariamente, porém, é preciso tomar alguns cuidados com a higienização da região íntima, já que, por ser uma área muito sensível, também pode ser prejudicada pelos excessos.

Dessa forma, a especialista ressalta que o ideal é lavar a vulva (órgão externo) diariamente, mas evitando realizar o hábito com muita frequência para evitar o ressecamento da região. Porém, a higiene deve ser redobrada em alguns casos específicos, como durante o período menstrual e após relações sexuais. Quando a mulher está menstruada, a higiene da vulva torna-se ainda mais importante, pois o sangue é um meio de cultura de bactérias, além de alterar o pH da região, facilitando a instalação de infecções. Já após relações sexuais a higiene é fundamental para eliminar resquícios de lubrificante e evitar o surgimento de infeções urinárias.

Além da frequência, é importante prestar atenção também nos produtos que são utilizados para lavar a região. O uso de duchas vaginais e de sabonetes bactericidas, por exemplo, não é recomendado, pois altera a barreira de proteção da região. Esses produtos podem eliminar microrganismos presentes na região que são responsáveis pela manutenção da acidez do pH da vulva, que é a forma de proteção da região contra bactérias e outros agentes patogênicos causadores de doenças. Da mesma forma, lenços umedecidos também não devem ser utilizados, pois são muito ásperos e também podem provocar irritações ou reações de hipersensibilidade. Na verdade, de acordo com um estudo realizado com mulheres canadenses, o uso desses produtos pode aumentar em até três vezes as chances de infecções vaginais. Por isso, o ideal é optar por sabonetes neutros, sem cor, sem perfume e ginecologicamente testados, que vão manter o pH da região equilibrado. Além disso, dê preferência aos sabonetes líquidos, que não ficam expostos a bactérias que podem estar presentes no ar.

Tomar cuidado também com o modo com que a higiene íntima é realizada. O ideal é evitar o uso de buchas, cotonetes ou outros materiais que podem provocar ferimentos na pele dessa região e utilizar apenas os dedos, que oferecem maior mobilidade e permitem que a remoção de sujidades seja feita de forma adequada e segura. Além disso, é importante lembrar que higiene íntima não é higiene interna e a limpeza deve ser restringida a parte da vulva, evitando a vagina (canal interno). A vagina acumula menor quantidade de sujidades, não necessitando de assepsia. Essa região também possui pH menos ácido. Logo, qualquer desequilíbrio em seu nível de acidez pode facilitar a proliferação de vírus, bactérias e fungos.

Para finalizar o processo de higienização, não se esqueça de secar bem o local para prevenir o crescimento de fungos. É importante ressaltar ainda que, caso você note alterações na saúde da região íntima mesmo realizando adequadamente a assepsia do local, é importante consultar um médico ginecologista, que poderá realizar uma avaliação do quadro e diagnosticá-lo corretamente, indicando o melhor tratamento para cada caso.

FONTE: Dra. Ana Carolina Lúcio Pereira – Ginecologista membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).