Sempre Materna

Cadê o leite?

shutterstock_26844916

Depois do parto, leva alguns dias para o leite propriamente dito aparecer. mas, antes dele, você produz o mais importante de todos os alimentos para o seu bebê: o colostro

 

Amamentar é uma experiência rica e inesquecível. Toda mãe sente uma pontinha de orgulho ao ver seu filho crescer graças ao seu leite. O início nem sempre é fácil, mas com paciência e perseverança a maioria das mulheres tem êxito nessa empreitada. No entanto, muitas mamães desconhecem o mecanismo da amamentação: como se dá a produção do leite? O que é esse tão falado colostro? Quanto tempo leva para o leite descer de fato? “As dúvidas são muitas, mas o segredo é um só: quanto mais o bebê suga, mais leite a mãe produz”, afirma a ginecologista e obstetra Arícia Giribela.

 

Para entender melhor o mecanismo da produção de leite, dá para comparar a mama a um conjunto de cachos de uva. Cada uva representa um alvéolo, que é responsável pela produção do leite e se abre nos dutos. Os dutos se unem para formar os seios galactóforos, onde o leite é acumulado.A união de dez a cem alvéolos é chamado de lóbulo. Um conjunto de lóbulos, dutos e seios galactóforos é chamado de lobo e cada mama contém de 15 a 20 desses lobos.

 

O processo de lactação é comandado pela glândula hipófise, localizada no cérebro. Quando o bebê mama, a mensagem da sucção é enviada para a hipófise e há a liberação de dois hormônios: prolactina, responsável pela produção do leite, e ocitocina, responsável pela ejeção do leite. “Logo após o parto, a prolactina começa a estimular as glândulas mamárias,
por isso é importante colocar o bebê para mamar o quanto antes para desencadear o processo de produção e descida do leite”, diz a obstetra. No período de aproximadamente 48 a
72 horas, ocorrerá a descida do leite ou apojadura. Entre o momento do parto e a apojadura, os seios ficam preenchidos por uma substância denominada colostro.

 

Produzido desde o final da gravidez e provavelmente durante todo o primeiro mês de vida do bebê, o colostro é um leite muito especial. Amarelo e mais grosso que o leite maduro, é secretado apenas em pequenas quantidades. Rico em sais minerais, anticorpos, açúcar e água, contém mais anticorpos maternos e células brancas do que o leite maduro. Dá a primeira “imunização” para proteger a criança contra a maior parte das bactérias e vírus.

 

“O colostro é também rico em fatores de crescimento, que estimulam o intestino imaturo da criança a se desenvolver”, explica a dra. Arícia.O fator de crescimento prepara o intestino para digerir e absorver o leite maduro e impede a absorção de proteínas não-digeríveis. O colostro também é laxativo e auxilia a eliminação do mecônio (primeiras fezes do bebê), o que diminui a incidência de icterícia.

 

Durante a apojadura, as mamas aumentam, ficam mais pesadas e quentes. A mulher pode sentir ingurgitamento, dor mamária e calafrios. À medida que o bebê começa a mamar, ocorre uma adequação da produção em relação à demanda, ou seja, você passa a produzir a quantidade certa de leite que seu bebê ingere, diminuindo os desconfortos. No final do primeiro mês, o leite materno é considerado maduro.

 

“É bom lembrar que desde que o bebê inicie a sucção o quanto antes, o tipo de parto não tem influência no sucesso da amamentação”, afirma a médica. Além disso, é muito importante também manter uma dieta balanceada e ingerir grandes quantidades de líquidos. E não desanime caso tenha um início tumultuado. Fora raras exceções, a maioria das mulheres é perfeitamente capaz de amamentar seus filhos. “A amamentação é um aprendizado diário e, ultrapassadas as dificuldades iniciais, torna-se fonte de grande satisfação para a mamãe e o bebê”, conclui.

Fonte: Sempre Materna