Sempre Materna

Cerca de 5% dos bebês nascem com má formação nas orelhas

cercaEmbora não desencadeie nenhum outro problema, como deficiência auditiva, por exemplo, a anomalia, popularmente conhecida como “orelha de abano” causa danos psicológicos à criança, já que a tendência da deformidade é acentuar-se com o crescimento do pavilhão auricular.

“Não há uma causa específica para esse diagnóstico, mas sabe-se que ele pode estar associado a outras anomalias congênitas, como quadros de deficiência mental”, informa o cirurgião plástico José Hermílio Curado.

Existem muitos mitos e verdades sobre o assunto, como, por exemplo, achar que dobrando as orelhinhas do bebê na hora de dormir irá corrigi-las. Engano total. Assim como achar que o diagnóstico é mais comum em meninos do que em meninas. “Isso é crendice. Acontece que garotas são privilegiadas pelo tamanho e corte de cabelo, já os garotões estão com as orelhas sempre à vista, conta o cirurgião plástico.

Também é mito achar que a cirurgia é de fácil correção, pois não é. “É um procedimento muito rico em detalhes, já que a anatomia auricular tem muitos relevos. Se a cirurgia não for cuidadosamente e muito bem feita o problema tende a voltar.”

O médico esclarece que a cirurgia é o único procedimento indicado para corrigir a deformidade. Quanto à idade ideal, ele indica a partir dos 6-7 anos, quando a orelha já atingiu cerca de 85% de seu crescimento total.

“Em casos muito especiais, principalmente quando a criança apresenta “orelha de abano” somente de um lado, e nesse caso, do ponto de vista estético, é muito mais danoso, a cirurgia poderá ser recomendada antes, mas é preciso deixar claro que o procedimento deve ser realizado com menos agressividade à estrutura da cartilagem”, afirma Curado.

Após a cirurgia, não importa a idade, é necessário usar, por pelo menos uma semana à noite, uma bandagem rente ao crânio, tipo uma faixa elástica, para que a criança, ao deitar de lado, não force a sutura.

A “orelha de abano” é uma deformidade que, ao contrário da maioria, não gera compaixão nas pessoas, e sim deboches, o que é muito prejudicial para a criança, principalmente quando ela começa a ir à escola. Mas em países do Oriente, como em algumas regiões do Japão, por exemplo, ter orelhas de abano é motivo de respeito e sinal de inteligência.

“Alguns orientais consideram que a pessoa que nasceu com orelhas de abano é muito mais inteligente do que as outras, por isso é tão rara a cirurgia para a correção dessa má formação”, justifica o cirurgião.

SOBRE A CIRURGIA

A cirurgia para a correção da orelha é chamada otoplastia. Inicia-se com uma incisão na região posterior da orelha expondo a parte da cartilagem e, sob ela, é realizado o trabalho de correção da curva (antihelix). São dados pontos internos na cartilagem para obter a distância do crânio desejada, que é de cerca de 12 a 15 mm. Em seguida, ocorre a sutura da pele.

Em crianças menores de 10 anos é preciso ser anestesia geral, mas depois dessa idade, principalmente quando a intenção de corrigir o problema parte dela, é bem possível fazer o procedimento com anestesia local.

O pós-operatório é tranquilo. Alguns profissionais usam bandagem nas primeiras 48 horas para evitar algum sangramento e também para evitar que a criança mexa nos pontos. Quinze dias depois está tudo perfeito. O máximo que pode acontecer é a região ficar um pouco avermelhada, mas o resultado positivo do procedimento já é notado na retirada do curativo.