O Brasil é campeão mundial em cesáreas. Apesar de a Organização Mundial de Saúde recomendar que um país realize até 15% de seus partos através deste procedimento, no Brasil este número gira em torno de 52% e chega a 88% dos nascimentos se considerarmos apenas a rede privada. “A cesárea deveria ser indicada quando há risco para a mãe ou bebê. Porém, o que me assusta é o número de gestantes saudáveis com cesáreas pré-agendadas, antes mesmo de entrarem em trabalho de parto”, ressalta Dr. Fabio Cabar, especialista em gestação de alto risco. Como resultado, é cada vez maior o número de bebês nascidos antes da hora muitas vezes com as complicações que a prematuridade oferece, sem a menor necessidade.
O número de cesáreas é especialmente significativo em hospitais da rede privada e de convênios e ocorre não apenas por uma necessidade médica, mas também por opção das futuras mamães, as quais temem não suportar o trabalho de parto. “Esse medo é desnecessário, porque todas as mulheres saudáveis que tiveram uma gestação tranquila podem ter um parto normal”, afirma o especialista.
Segundo Dr. Fabio, o parto normal é a melhor opção, independente da idade da gestante. Conforme ele explica, a grande questão é que a gestação deve ser acompanhada desde cedo por um médico pré-natalista, o que diminui as probabilidades de a mãe ter complicações como as advindas da hipertensão arterial e do diabetes, por exemplo. “Existem situações em que se opta pela cesárea para garantir maior segurança à mãe e ao bebê”. Nestes casos, a decisão tem que ser tomada com a participação dos futuros pais, sempre tendo como base as melhores evidências científicas.
Além do menor risco de infecção, o parto normal favorece a produção do leite materno e o útero volta ao tamanho normal mais rapidamente. “A mulher que tem condições de fazer um parto normal tem vantagens pois apresenta uma recuperação mais rápida e menor tempo de internação hospitalar”, destaca Dr. Fabio. Para o bebê, por sua vez, o parto normal sem complicações gera maior facilidade para respirar, maior receptividade e mais atividade ao nascer, entre outros benefícios.
Segundo a pesquisa Nascer do Brasil conduzida pela Fiocruz e divulgada em 2014, quase 70% das brasileiras desejam um parto normal quando estão no início da gravidez. “Cabe então aos médicos que acompanham estas pacientes apoiarem as futuras mães nesta decisão, desde que elas estejam aptas ao parto normal”, conclui Dr. Fabio.
Fonte: Dr. Fabio Cabar – Doutor em Obstetrícia e Ginecologia pela Universidade de São Paulo e especialista em Reprodução Humana / Estúdio de Conteúdo