Engana-se quem pensa que cirurgia plástica é coisa só de gente grande. O número de intervenções cirúrgicas em crianças cresce a cada dia. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), mais de 127 mil cirurgias plásticas são realizadas ao ano, o que representa 21% do total de procedimentos cirúrgicos estéticos ou reparadores no Brasil.
De acordo com estudos, os avanços em técnicas cirúrgicas e anestésicas são os motivos deste crescimento. Para esclarecer algumas dúvidas, a Sempre Materna conversou com o cirurgião plástico, Alderson Luiz Pacheco.
Sempre Materna: Quais os problemas mais comuns em crianças até três anos, em que cirurgias plásticas, estéticas ou reparadoras, são necessárias?
Dr. Alderson Luiz: As cirurgias mais comuns são as plásticas reparadoras de más-formações congênitas em geral, craniomaxilofacial e queimaduras.
SM: Que especialista realiza as cirurgias? O cirurgião plástico é também especialista em pediatria?
A.L.: Os procedimentos são realizados por equipe integral. O Cirurgião Plástico não é especialista em pediatria, mas atende as crianças em conjunto com o Pediatra e o Odontopediatra. Além destes, há ainda equipe multi e interdisciplinar, composta por profissionais das áreas de: Cirurgia Craniomaxilofacial, Neurocirurgia, Otorrinolaringologia, Clínica Geral, Anestesiologia, Genética, Fonoaudiologia, Odontologia (Cirurgia Bucomaxilofacial, Prótese Dentária, Ortodontia, Clínica geral, Endodontia e Periodontia), Psicologia, Serviço Social, Reforço Escolar e Enfermagem.
SM: Quais são os problemas mais urgentes?
A.L.: Os traumas e queimaduras são os mais graves. As queimaduras constituem o campo principal de atuação da cirurgia plástica reparadora em crianças, já que a ocorrência de acidentes, especialmente domésticos, provocam lesões graves, tanto quanto à vida quanto às deformidades que podem ficar como sequelas dessas lesões.
Em seguida, temos as fissuras labiais e palatinas, que é a abertura maior ou menor no céu da boca. Há, ainda, a chamada microtia ou agenesia de orelha, que se trata da ausência parcial ou total do pavilhão auricular. Quase sempre ocorre somente de um lado.
O Epicanto, que também esta entre um dos principais problemas, é uma prega que se forma no canto interno dos olhos, às vezes reduzindo sensivelmente o campo visual da criança.
SM: Quais os riscos para o bebê? Como são as anestesias?
A.L.: A reação à anestesia geral é mais severa na primeira infância devido ao metabolismo das crianças. As intervenções cirúrgicas no rosto, antes da idade mínima recomendada, podem deformá-lo, pois ainda está em fase de crescimento. Outro ponto preocupante é o período pós-operatório. Os pequenos costumam ficar inquietos, o que prejudica a recuperação e cicatrização.
SM: Qual a importância da cirurgia plástica para o futuro da criança?
A.L.: Os procedimentos minimizam os riscos de sequelas físicas e emocionais resultantes de uma deformidade ou alteração estética, visando evitar traumas na idade adulta. Apelidos na escola e na vizinhança podem causar reações violentas (bullying) e até depressão, interferindo no desempenho da criança.