A espera de um bebê na família costuma ser motivo de muita alegria. Porém, quando já se tem um pequeno em casa, pode também se tornar um motivo de preocupação. “Nem sempre o primogênito aceita esse presente com entusiasmo. Alguns podem se sentir inseguros e com medo. Isso pode gerar um sentimento que talvez a criança nunca tenha tido: o ciúme”, afirma a pediatra Dra. Andressa Tannure, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e especialista em Suporte de Vida em Pediatria pelo Instituto Sírio-Libanês e pelo HCOR.
Segundo ela, a demonstração de ciúme pode variar. “É comum ter reações agressivas em relação ao bebê, ficar desobediente, ter episódios de choro sem motivo várias vezes ao dia, fazer birras ou regredir em alguns comportamentos (como querer usar a chupeta, mamadeira, a fralda novamente ou voltar a ter fala mais infantilizada). Esses comportamentos são mais comuns entre 2 e 6 anos de idade e têm um único objetivo: chamar a atenção da família. A situação, por mais difícil que pareça, é natural e deve ser trabalhada normalmente no dia a dia, com muita conversa e compreensão”. De acordo com Andressa Tannure, a chegada de mais um membro na família pode parecer, para o primogênito, uma ameaça, significando perder o amor e o carinho de seus pais. Até então, todas as atenções eram somente para ele, e agora terá que dividir as pessoas mais importantes de sua vida. “Antes de ter um irmãozinho, a criança mobilizava toda a família ao seu redor, rindo de suas gracinhas e achando tudo lindo. De repente, ninguém mais repara em suas brincadeiras, e começam a rir e querer saber de um bebê que, para ele, ainda é um estranho. Não parece ser nada fácil essa situação, e realmente não é”, reforça a pediatra. Como ajudar seu filho, segundo Andressa Tannure – Desde o início da gestação, inclua seu filho na vinda do novo irmão: peça ajuda na decoração do quarto, nas compras das roupinhas e diga para ele conversar com o bebê, ainda dentro da barriga. Estimular essa interação pode diminuir o impacto da vinda do novo membro na família. – Não espere a criança ter comportamentos inadequados para prestar atenção nela. Por mais que seja cansativo, separe um tempo só para o irmão mais velho, mesmo que seja pouco. Esse tempo será muito valorizado por ele. – Envolva a criança nos cuidados com o bebê, respeitando, é claro, suas limitações. Peça pequenas coisas para ele como pegar a fralda na gaveta, limpar a boquinha do irmãozinho, escolher a roupinha que vai usar. Valorize e elogie essas ações. – Elogie também os bons comportamentos. Abrace seu filho e mostre alegria por ter se comportado bem e ter tido demonstrações de carinho com o irmão mais novo. – Converse sobre o assunto com seu filho. Abra espaço para que ele fale como está se sentindo. Mostre foto de quando ele também era um bebezinho e como ele também precisava de você. Diga para ele que sorte seu irmãozinho tem de tê-lo por perto, para ensiná-lo tudo que já aprendeu. “Quem já passou por isso, sabe que não é uma tarefa simples. No entanto, cabe a nós ajudar os pequenos a lidar com esse sentimento tão desafiador. Crie um ambiente de cumplicidade, diálogos e aconchego, onde a criança possa aceitar e receber a novidade com a segurança de que continuará sendo amada como sempre foi”, finaliza Andressa Tannure. Fonte: FGR Assessoria de Comunicação – Flávia Vargas Ghiurghi
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