Para entendermos melhor as combinações e seus possíveis problemas, a hematologista e hemoterapeuta, Flávia Costa, explica: “Existem quatro grupos sanguíneos: A, B, AB e O. Por sua vez, cada um deles se classifica devido à presença da proteína fator Rh(D), na superfície dos glóbulos vermelhos. Então, se o indivíduo possuir esse fator ele é classificado como Rh Positivo, caso contrário, Rh Negativo”.
Logo no início da gestação, no acompanhamento pré-natal é realizado o teste de tipagem sanguínea para detectar as características do sangue materno. Além de identificar o grupo ABO, verifica-se há risco na gravidez relacionado ao fator Rh negativo ou à presença de algum anticorpo materno (teste de Coombs indireto ou pesquisa de anticorpos irregulares). Dessa maneira, é possível prevenir a doença hemolítica do feto ou recém-nascido, sobretudo a partir da segunda gestação.
Aproximadamente 15% das gestantes possuem Rh negativo. Só haverá risco quando o tipo de sangue do bebê for contrário ao da mãe, ou seja, Rh positivo — herdado do pai. “Nesse caso, o sistema imunológico da mulher reconhece a proteína Rh do bebê como substância estranha e produz anticorpos caso haja contato entre o sangue da mamãe e do bebê, fato que ocorre mais comumente no terceiro trimestre de gestação e no momento do parto. Assim, na próxima gravidez, se o bebê for também Rh positivo, os anticorpos anti-Rh maternos poderão passar para a circulação do feto e destruir seus glóbulos vermelhos, causando anemia fetal e icterícia”, esclarece.
Sabe-se que no passado, a incompatibilidade Rh era motivo de complicações. Atualmente, com as descobertas da medicina, há meios para evitar o comprometimento do bebê. A especialista diz que as gestantes Rh negativas, passivas de aborto, amniocentese (retirada do líquido da bolsa que envolve o bebê) ou algum tipo de hemorragia gestacional devem prevenir a formação dos anticorpos através da injeção de Imunoglobulina Rh. A vacina é aplicada por volta da 28ª semana de gestação e precisa ser reforçada com a segunda dose até 72 horas depois do parto.
Para as mamães que ainda se sentem inseguras, a hematologista garante que durante o parto propriamente dito não há riscos para a mãe. Após o nascimento ocorre a coleta de sangue do cordão umbilical em um tubo com anticoagulante. Essa amostra é utilizada para descobrir a tipagem sanguínea do bebê por meio de reagentes específicos e automações, para que, se necessário, as devidas providências sejam realizadas ainda na maternidade.
VEJA AS POSSIBILIDADES DE TIPAGEM SANGUÍNEA DO RECÉM-NASCIDO DE ACORDO COM A COMBINAÇÃO DOS PAIS | ||||
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Pai tipo O (O/O) | Pai tipo A (A/A ou A/O) | Pai tipo B (B/B ou B/O) | Pai tipo AB (A/B) | |
Mãe tipo O (O/O) | O | A ou O | B ou O | A ou B |
Mãe tipo A (A/A ou A/O) | A ou O | A ou O | AB ou A ou B ou O | A ou AB ou B |
Mãe tipo B (B/B ou B/O) | B ou O | AB ou A ou O | B ou O | B ou AB ou A |
Mãe tipo AB (A/B) | A ou B | A ou B ou AB | AB ou B ou A | A ou B ou AB |
Mãe | Pai Rh+ (+/+ ou +/–) | Pai Rh– (–/–) |
Rh+ (+/+ ou +/–) | Bebe Rh+ ou Rh– | Bebe Rh+ ou Rh– |
Rh– (–/–) | Bebe Rh+ ou Rh– | Bebe Rh– |
Obs.: situações não previstas nestas tabelas podem ocorrer devido à inseminação in vitro e raridades moleculares.