O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um dos assuntos mais polêmicos que existe na pediatria atual. Os principais sintomas da doença são dificuldade em manter a atenção, mesmo em atividades lúdicas; não finalizar tarefas escolares; perder material escolar; ser facilmente distraído por estímulos alheios a tarefa; agitação motora, entre outros. De acordo com Carolina Rodrigues, psicóloga escolar, estima-se que de 3 a 6% da população mundial sejam portadoras do TDAH, com uma prevalência maior no sexo masculino.
A profissional afirma que o diagnóstico da doença acontece por volta dos 7 anos de idade, período em que as crianças estão nos primeiros anos do ensino fundamental I e começam a ter mais responsabilidades, como tarefas de casa e provas. Embora o diagnóstico seja mais fácil de encontrar na faixa etária citada, o cuidado e atenção dos pais devem existir desde cedo. “Para que o diagnóstico seja confiável, os sintomas devem ter início antes dos 7 anos, estar presentes por no mínimo 6 meses e devem aparecer em pelo menos dois contextos diversos”, afirma Carolina.
Os maiores desafios para as crianças que possuem TDAH estão relacionados aos sintomas do próprio transtorno, como falta de atenção, que acaba fazendo com que a criança não consiga aprender o conteúdo de forma satisfatória e a agitação motora, que também impede que aluno aprenda uma vez que ele não consegue ficar sentado registrando a aula.
O professor é o profissional dentro da escola que passa mais tempo com o aluno, sendo assim, sua observação sobre os sinais e comportamentos discrepantes do aluno em relação a outras crianças da mesma faixa etária contribui para o encaminhamento para uma avaliação externa. “Um professor que tenha conhecimento acerca desse transtorno de aprendizagem torna-se fundamental para contribuir com o diagnóstico”, relata. Ao levantar a hipótese de TDAH, o professor e a psicóloga escolar ou coordenador devem agendar uma reunião com os pais para apresentar os dados de observação. A partir disso, o aluno é encaminhado para uma avaliação.
Ainda segundo a psicóloga, a partir do momento em que é confirmado o diagnóstico, o ideal é que escola e pais caminhem juntos para o melhor desempenho da criança. “A partir da descoberta, cabe ao psicólogo escolar orientar todos os professores envolvidos sobre quais as maiores dificuldades do aluno, como podem ajudá-lo em sala de aula e garantir que as adaptações sejam realizadas conforme combinado com a profissional que acompanha o caso. A família, por sua vez, precisa de acolhimento e escuta para que sinta que seu filho está sendo assistido da melhor maneira possível e tem direito ao estudo como qualquer outra criança”, ressalta.
Confira outras dicas da especialista:
- A partir da confirmação do diagnóstico, deve-se estabelecer uma parceria com os pais, apresentando uma proposta de atendimento diferenciado e de inclusão possível oferecida pela escola, e, em contraponto, a família precisa garantir um acompanhamento externo com um especialista em TDAH.
- O professor deve, sempre que possível, elogiar o que o aluno consegue fazer – um aluno com autoestima elevada procura manter-se atento por mais tempo para receber os elogios.
- Para facilitar o trabalho é importante incentivar a cumprir tarefas, anotar as aulas, datas de provas e trabalho, mas é preciso estabelecer alguns modelos de organização. O aluno que tem dificuldade para se conter e não consegue “entender” o espaço que ocupa precisa desses modelos: mostrar como arrumar os cadernos, como iniciar uma anotação; listar tarefas priorizando a ordem das datas; apontar as linhas no caderno para ajudar a escrever no lugar certo, etc.
- Planejar, junto com o aluno, horário de estudo e organizar revisões orais e/ou escritas. Dessa forma, família e escola podem estabelecer os critérios a respeito do estudo mais produtivo.
Fonte: Colégio Humboldt / Carolina Rodrigues, psicóloga