A cada ano, podemos notar como muda o exercício da paternidade.
A influência “cientificamente comprovada” do pai na amamentação
Uma monografia apresentada à Universidade Estácio de Sá (2005) trouxe resultados que mostraram que “as mães que amamentaram até os seis meses, foram as que durante a entrevista mais confirmaram a participação do pai, durante o período exclusivo do aleitamento materno, o que faz com que possamos concluir que quando o pai se faz participativo durante o período de amamentação, este é o maior e o principal incentivador de uma mulher, contribuindo para o êxito da mesma”.
Um artigo publicado na Revista Paulista de Pediatria (2012), faz uma revisão da literatura, entre 1995 a 2010, nas bases de dados LILACS, SciELO, BDENF e PubMed/MEDLINE e identificou “44 publicações que mostraram que o apoio social, profissional e familiar foi imprescindível para o sucesso do aleitamento materno. O pai foi destacado como suporte fundamental pela forte influência na decisão da mulher em amamentar e na sua continuidade.”
Outro estudo, publicado na Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba (2015), apontou que “o desejo da paternidade e a satisfação ao presenciar seu filho ser amamentado superaram qualquer distanciamento físico que o casal pudesse enfrentar após o parto” e “que os pais que receberam orientações tiveram melhor desempenho junto à mãe no processo de amamentação, apoiando, participando, incentivando e reconhecendo a importância do leite materno para seu filho”.
Uma pesquisa (2016) com 115 mulheres com filhos de dois a oito meses de idade, demonstrou que “as mulheres reconhecem a importância do pai como auxiliares e incentivadores do aleitamento materno. E quanto maior o apoio dos pais, maiores as chances de sucesso no aleitamento materno, segundo as mulheres. Portanto a participação paterna no processo de aleitamento materno deve ser incentivada”.
Outro estudo publicado na revista Cogitare Enfermagem (2017), buscou “identificar a participação do pai no processo de amamentação em uma maternidade estadual da região centro-oeste do Brasil. Estar junto da mulher é a maneira que os pais encontraram para favorecer a amamentação e sua participação é fundamental para o sucesso desse processo”.
Não basta ser pai. Tem que participar.
Lembram disso? Foi a frase mais marcante de uma campanha publicitária em 1984. A participação do pai na família sempre gerou sensações distintas, controversas.
O provedor, o cuidador, o responsável, o ausente, o que sabe tudo, o que não sabe tanto assim, o que não sabe nada, não é o que gera, mas sim o que cria.
O mundo muda. As sociedades mudam com ele. As famílias também estão mudando. Os papéis se transformam. E o pai se não for acolhido e permitido no processo, será engolido nessa mudança.
Recentemente, o que parecia um grande avanço nesse caminho tem se mostrado menos efetivo do que o esperado, mas não por culpa dos pais.
Em 8 de março de 2.016, a Presidência da República decretou e sancionou a LEI Nº 13.257 que, entre outros assuntos, trata da prorrogação da licença-maternidade por mais 60 dias totalizando 180 dias) e da licença-paternidade por mais 15 dias (total de 20 dias), ambos com remuneração integral, para quem trabalhar em Empresa-Cidadã.
O que as notícias mostram atualmente é que desde então, até o fim de 2016, menos de mil empresas novas (cerca de 12% das grandes empresas do país) aderiram a essa nova lei. De acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), no Brasil a licença-paternidade corresponde a 9% da média de tempo dos países desenvolvidos (8 semanas).
Apesar de a Confederação Nacional das Indústrias ser contra essa licença-paternidade, justificando por uma possível diminuição da produtividade, empresas como a Microsoft, Google, Johnson & Johnson, a Natura (40 dias) e o Twitter (140 dias) oferecem mais tempo para os pais.
Vamos aproveitar o momento (Semana Mundial de Aleitamento Materno, Agosto Dourado, Dia dos Pais) e fazer valer os direitos adquiridos para que tanto o pai, quanto a família, quanto a amamentação possam ser beneficiados.
Fonte: Dr. Moises Chencinski