Há menos de cem anos, a mulher não tinha direito a voto no Brasil. Hoje, já ocupa a Presidência da República. Em pouco tempo, o dito “sexo frágil” ganhou seu espaço na sociedade e destaque no mercado de trabalho.
A mulher brasileira, sobretudo dos grandes centros urbanos, é uma profissional que, além do trabalho, administra sua casa e, não raro, estuda e encontra tempo para atividades de esporte e lazer.
Segundo Luiz Guilherme Brom, doutor em Ciências Sociais e superintendente institucional da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), apesar de ter entrado em massa no mercado de trabalho, na virada da década de 1980 para 1990, a mulher não deixou de se desvincular das atividades do lar, ainda que com a ajuda de profissionais especializadas, como a empregada doméstica.
E a revolução não para. A cada dia, participação feminina nas empresas cresce mais. Profissões tradicionalmente masculinas como o Direito, Engenharia ou Arquitetura ganham o charme das mulheres. “Hoje, elas representam quase 60% dos estudantes universitários do Brasil, o que permite deduzir que, em médio prazo, aumentarão sua presença em posições qualificadas do mercado de trabalho”, comenta Brom.
Mas nem tudo são flores. As mulheres ainda são vítimas de preconceito. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) indicam que ainda existe diferença salarial entre os sexos. O salário das mulheres equivale a 72,3% do salário dos homens. Para acabar com essa diferença, foi criado o projeto de Lei (PLC 130/2011) que prevê multa à empresa que pagar salário inferior para a mulher quando ela realizar a mesma tarefa que um homem. Se aprovada, representará o fim de uma luta.
A taxa de desemprego entre mulheres no Brasil é cerca de 60% superior à dos homens. Do total de desempregados do país, 55% são mulheres. Ou seja, elas têm mais dificuldade de encontrar trabalho e, quando encontram, ganham menos.
No entanto, a situação tem sido revertida. Pesquisa feita pelo Dieese e pela Fundação Seade aponta que, pelo oitavo ano consecutivo, a taxa de desemprego feminino recuou, passando de 14,7% em 2010 para 12,5% em 2011.
Multitarefa
Filha, esposa, mãe, profissional…a mulher é “várias” em uma só. De acordo com Brom a característica multitarefa só contribui para seu sucesso. “Demonstra em muitas situações capacidade de organização superior à dos homens e isso se deve certamente ao fato de que sempre foi mais exigida.”
O segredo para não se desesperar e assumir todas as funções? Brom conta que o primeiro passo é dividir com o marido as responsabilidades da casa e dos filhos. “A vida moderna exige praticidade e compartilhamento. O marido também pode se afastar do trabalho para ajudar nas questões domésticas quando a situação exigir.”
Um país melhor
Relatório recente do Banco Mundial (Bird) mostra que se homens e mulheres tivessem oportunidades iguais no mercado de trabalho a economia mundial poderia crescer entre 3% e 26%. Na América Latina, esse aumento poderia chegar a 16%. “Tivesse o Brasil mais mulheres no mercado de trabalho e fossem elas mais valorizadas, a economia brasileira cresceria mais. Mas o espírito machista ainda é forte. Pior para as mulheres? Sim, mas não apenas para elas: pior para o Brasil”, enfatiza Brom.