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Displasia do quadril: que bicho é esse?

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A displasia do quadril é um termo abrangente que inclui um amplo espectro de alterações na bacia da criança. Uma é a luxação congênita, quando a articulação está fora do lugar. “Ainda é possível encontrar quadros de quadril instável, quando a articulação pode sair fora do lugar com uma manobra provocativa (manobra de Barlow), e quadril imaturo, quando a cobertura articular não está completamente desenvolvida”, explica o ortopedista Alexandre Lourenço, das maternidades Pro Matre Paulista e Santa Joana.

Essas alterações freqüentemente são congênitas e podem ser notadas após o nascimento, mas há casos que aparecem apenas com o desenvolvimento da criança. “A forma mais grave, a luxação do quadril, pode ser congênita ou evolui a partir de um quadril instável ou imaturo”, diz o médico. “Por este motivo, no mundo inteiro, tem-se dado preferência ao termo displasia do quadril no lugar de luxação congênita do quadril por ser mais abrangente”, completa.

Mesmo sendo uma alteração comum nos recémnascidos, sua causa ainda é uma incógnita, embora haja várias teorias. “Sabemos apenas que existem alguns fatores de risco associados, como apresentação pélvica (bebê sentado), história familiar, gestação gemelar e torcicolo congênito”, afirma dr. Lourenço.

“Além disso, a displasia de quadril é mais comum no sexo feminino e no primeiro filho.”

Deve-se salientar que a maior parte dos quadris instáveis ou imaturos evolui bem sem qualquer tratamento, porém, é impossível diferenciar quais são esses casos.

Como se faz o diagnóstico?

Segundo dr. Lourenço, o primeiro passo para o diagnóstico é conhecer os antecedentes pessoais e familiares, ou seja, detectar os possíveis fatores de risco já descritos. A displasia é detectada através de um exame conhecido como Manobra de Ortolani, criado pelo pediatra italiano Marino Ortolani, em 1937, e usado até hoje em todo o mundo para o diagnóstico precoce da displasia do quadril. “A manobra é feita com a flexão e abertura (abdução) das perninhas do bebê.

Quando o quadril está luxado, o médico consegue sentir na mão o momento em que a articulação é colocada no lugar”, explica. “Infelizmente, nem sempre é possível evidenciar esses sinais. Além disso, a criança não sente dor mesmo quando a articulação está luxada.”

A radiografia da bacia não é muito útil porque grande parte da articulação do quadril no recémnascido é composta por cartilagem, que não é visível pelos raios X. “Há vários anos, usamos a ultrasonografia para diagnosticar e/ou descartar uma eventual displasia do quadril. Além de ser mais preciso, esse exame não envolve radiação”, diz o médico.

Caso seja diagnosticada uma alteração no quadril no período neonatal, as chances de sucesso com o tratamento são enormes. Para dr. Lourenço, esse é o “período de ouro” para corrigir qualquer forma de displasia do quadril. O método mais empregado no mundo inteiro tem sido o suspensório de Pavlik.

“O suspensório de Pavlik é bastante simples de usar e a criança se adapta facilmente. O tempo de uso do aparelho vai depender do grau de displasia do quadril, raramente ultrapassando 2 meses quando o tratamento se inicia logo ao nascimento.” A criança que apresentou displasia de quadril passa por um controle ultra-sonográfico e ortopédico periódico para acompanhamento da evolução do problema.