O Haiti é considerado o país mais pobre da América, onde a população está acostumada a viver de doações. Depois do terremoto do dia 12 de janeiro a situação ficou ainda mais caótica e a nação se transformou em foco de campanhas mundiais de solidariedade.
Roupas, alimentos, dinheiro, médicos, bombeiros, ou seja, tudo que estiver ao alcance para tentar reconstituir esse cenário destruído pela força da natureza, é bem vindo. Mas, a ajuda que mais surpreende fica por conta dos pedidos de adoção das crianças, além de entidades internacionais e Organizações Não Governamentais (ONG’s), inúmeras pessoas procuram os pequenos para dar-lhes nova família.
A embaixada do Haiti no Brasil recebe centenas de solicitações para adoção, desde o terremoto. Franceses, israelenses, americanos e argentinos também já expressaram o mesmo desejo. Porém, segundo a psicóloga, especializada no tratamento de casais com problemas de fertilidade, Luciana Leis, quando o assunto é adoção a atitude vai além da caridade. “A impressão que nos dá é a de que por trás deste gesto, pode até mesmo existir certo ganho de destaque social. A pergunta que fica é se realmente será dado o posto de filho a esta criança”, diz.
Luciana ainda ressalta: “O drama desta população faz com que diversos sentimentos aflorem: pena, tristeza, injustiça e, principalmente, vontade de ajudar, penso que possa estar havendo uma confusão na cabeça destes ‘candidatos a pais’”.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) fez um alerta dizendo que órfãos e crianças abandonadas no Haiti devem ser adotados no exterior, apenas como último recurso. “O objetivo deste comunicado é preservar a saúde mental destas crianças. É muito mais vantajoso para elas encontrar seus familiares (irmãos, tios, avós) do que saírem de seu país de origem para viverem junto a pessoas estranhas” finaliza a psicóloga.