É comum ficar tão concentrado nos alimentos que você dá ao bebê, e ignorar a importância de como ele come. Devemos entender que as habilidades de auto alimentação são importantes, mas quando as crianças devem começar?
Uma criança ser capaz de se alimentar é um aspecto importante para o seu desenvolvimento pessoal e social. Isso a ajuda ganhar independência e construir um senso de autonomia.
A independência é um aspecto importante da primeira infância. Ao permitir que seu bebê seja um participante ativo na hora das refeições, você ajuda a evitar ou minimizar possíveis lutas de poder e comportamentos durante as refeições.
Muitos pais perguntam: por que seu bebê parou de aceitar os alimentos da colher assim que eles começaram a se auto alimentar? Se você for o guardião da colher, este é frequentemente um caso simples de expressar: “Eu quero fazer tudo sozinho! “.
Os bebês mais ávidos são capazes de trocar o ato de comer de colher por comida de dedo quando tiverem entre sete e oito meses de idade. Uma vez que seu bebê possa sentar-se solidamente e começar a praticar o aperto da pinça – também conhecido como a capacidade de unir o polegar e os dedos de forma coordenada – é hora de começar a pegar os alimentos para os dedos.
Deixe a auto alimentação começar!
Outro aspecto importantíssimo é que quando uma criança está no controle da alimentação, ele responde aos sinais naturais de fome e saciedade. Estudos comprovam que um dos fatores que geram o excesso de peso, ou mesmo obesidade, é o hábito dos pais de forçar a criança a “limpar o prato” ou mesmo “comer mais três colheres”. Isso faz com que se perca a noção e o autoconhecimento de saciedade logo na infância e o adulto se habitua a comer mais do que realmente o corpo necessita.
A auto alimentação é uma grande ajuda para os pais, que podem estar ansiosos tentando descobrir se a criança já comeu o suficiente. Além disso, quando ela recebe as vitaminas e os nutrientes essenciais, continuará na trajetória de crescimento e desenvolvimento. É também um grande marco no desenvolvimento do seu bebê, já que o estimula a explorar a comida através do seu sentido de tato, bem como dos seus sentidos de paladar, visão e olfato. Dar a ele muita prática com porções pequenas de comida, ajuda-o a dominar habilidades importantes com os dedos, e também ajuda a descobrir como mordiscar, mastigar e mexer a comida na boca, todas as habilidades cruciais para um comedor em desenvolvimento.
A transição da colher para os dedos não acontecerá da noite para o dia. É um processo que pode ser confuso e frustrante em ambos os lados da cadeira do bebê. Mesmo que ele já coloque tudo na boca, tentar descobrir a mecânica de manobrar a comida na boca é um desafio.
A alimentação com o dedo é uma das únicas oportunidades seguras que o seu pequeno terá de praticar, coordenando com objetos muito pequenos.
Em primeiro lugar, os alimentos consumidos com os dedos apenas suplementam a dieta do seu filho enquanto ela descobre como se auto alimentar. A maioria dos bebês começa segurando seus alimentos em seus punhos, sem ter aprendido ainda a coordenar os dedos individualmente para coleta e transporte até a boca. Alguns aprendem a abrir a mão contra a boca, enquanto outros colocam a comida para baixo e a pegam de novo em várias tentativas – estratégias que podem consumir muito tempo, mas muitas vezes não resultam no consumo de muita comida.
À medida que seu bebê aperfeiçoa o alcance da pinça (geralmente entre 9 e 12 meses), sua capacidade de segurar objetos menores (como ervilhas e pequenas formas de massa) entre o polegar e o indicador melhora – expandindo consideravelmente o menu e a quantidade de alimentos praticamente consumidos.
Enfim, quando seu filho começar a se alimentar, ele estará usando suas habilidades motoras. Pode ser uma verdadeira sessão de riso assisti-lo aprendendo a manobrar em torno de um prato de jantar, mas toda vez que ele mela seu rosto de comida ou coloca seus petiscos favoritos em sua boca, ele está realmente consolidando força muscular e coordenação em sua memória.
Fonte: Dr.Hugo da Costa Ribeiro é pediatra especializado em doenças metabólicas e infecciosas, Fellow em Nutrologia Infantil pela Universidade de Cornnel em New York e professor Associado do Departamento de Pediatria da FMB da Universidade Federal da Bahia. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Nutrologia Pediátrica. Também foi consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde
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