Referência em inteligência emocional no Brasil, o especialista Rodrigo Fonseca explica que esse problema vivido na novela Salve Jorge, da TV Globo, é muito mais rotineiro que imaginamos.
“Seu pai nos abandonou”. “Sua mãe não liga para nós”. “Eu ainda estou casada com seu pai para te dar uma vida mais confortável”. Ao lermos essas frases ficamos chocados, não é mesmo? De acordo com Rodrigo Fonseca, presidente e fundador da Sociedade Brasileira da Inteligência Emocional no Brasil, isso já ocorre há muitos anos, não só aqui no Brasil, como no Mundo inteiro.
“Antigamente o que mais se ouvia eram pais colocando a culpa em seus filhos por ter abandonado sua própria vida e felicidade para dar-lhes estudos e conforto. Atualmente está diferente, ou seja, ao se separarem, buscam em primeiro lugar sua própria felicidade e a parte do casal que fica com os filhos, acaba os usando como “armas” para atacar o que decidiu ir embora. Para piorar, criam, ainda, a imagem de um verdadeiro carrasco na cabeça das crianças para que também compartilhem da mesma raiva e decepção”, explica Rodrigo Fonseca.
Outra situação comum, inclusive retratada no filme “A Morte Inventada”, é quando o pai ou mãe que fica com os filhos acaba por “matar” o ex-parceiro na cabeça dos pequenos, sem perceber os verdadeiros estragos que causam para a estruturação emocional dessas crianças.
Segundo Rodrigo, o rompimento do relacionamento desperta um dos sentimentos mais temidos: a rejeição. Contudo, é necessário ter consciência de que essa rejeição, ora provocada por seu parceiro, nada mais é que um “Programa Emocional” que já existia dentro dele(a) e que só foi “executado” pela situação da separação.
Esses “Programas Emocionais” são muito parecidos com os do computador, que enquanto não é executado, não produz aquilo para o qual foi criado. “O grande problema pelo qual a humanidade sofre hoje é que apesar de saberem o que deveriam fazer ao outro, o que acaba sendo disparado em primeiro lugar não é o que a pessoa sabe, mas o que está registrado nesses programas em um nível inconsciente”, diz o especialista.
Para Fonseca, isso é o que faz, por exemplo, o pai, personagem abandonado da novela “Salve Jorge”. Apesar de ser uma pessoa culta e consciente dos seus próprios direitos, como também dos direitos da sua ex-esposa e filha, age de maneira totalmente irracional e radical, criando feridas na criança ao usá-la para revidar a dor causada pelo abandono da mulher.
“E por mais que a parte do casal que foi abandonada consiga atacar, machucar e conseguir destruir o “culpado” pelo seu sofrimento, isso nunca curará a dor que foi disparada dentro dele, até que ele busque dentro da sua própria história de vida a raiz e a programação de rejeição que foi criada um dia devido a uma percepção distorcida de uma experiência vivida durante a sua formação”, ressalta Rodrigo.
Ele comenta, ainda, que muitos casais que brigam e se atacam, acreditam que ficarão com a aprovação e amor de seus filhos, se vencerem a “disputa”. Para mudar esse pensamento é preciso buscar a cura emocional, em que não haja sofrimento do outro, e se perceba que é necessário alterar o que está dentro de si para mudar o que está fora.
“O trabalho principal da nossa mente é criar uma COERÊNCIA daquilo que existe dentro, com o que está sendo vivenciado fora. Ou seja, se você não alterar a sua PROGRAMAÇÃO EMOCIONAL você pode mudar quantas vezes quiser de esposo(a), empresa ou casa que o problema surgirá novamente, mais cedo ou mais tarde… será apenas uma questão de TEMPO”, finaliza Rodrigo Fonseca.