Apoio das famílias e tratamento ininterrupto permitem a melhora progressiva dos pacientes
Os primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento de todo ser humano. Neles, aprendemos a expressar desejos, inquietações e a desenvolver relações com o que nos cerca. Quando há algum tipo de transtorno de desenvolvimento, terapias multidisciplinares são fundamentais desde a infância para que as crianças consigam desempenhar tarefas cotidianas e, futuramente, viver plenamente em sociedade.
Buscando garantir a continuidade no tratamento de diversas crianças, passou a realizar atendimentos por videoconferência. A profissional tem um consultório em Contagem, Minas Gerais, mas teve de interromper as atividades presenciais por causa da pandemia do novo coronavírus. O contato físico é muito necessário no atendimento às crianças. Agora, isso se tornou inviável. Por isso, procurei envolver ainda mais os pais no planejamento de atividades, que costumam ser bastante lúdicas, na forma de brincadeiras.
Devido à recomendação de isolamento, o CFFa (Conselho Federal de Fonoaudiologia) liberou as modalidades de teleatendimento e telemonitoramento durante a quarentena, levando em consideração o fato de o atendimento fonoaudiológico exigir contato direto e prolongado entre paciente e profissional, e também o código de ética da categoria.
O planejamento é feito da mesma forma que para atendimentos presenciais, levando em consideração todo o aspecto da criança, propondo desafios e objetivos a serem alcançados. A diferença, agora, é que se leva em consideração os recursos que os pais devem ter para que a criança ganhe com as intervenções. Toda semana, os pais fazem uma filmagem da atividade com a criança e enviam para a fonoaudióloga. Em seguida, realizamos um encontro virtual de cerca de 40 minutos para discutir como foi a atividade, se é necessária alguma adaptação e o que mais a gente pode cobrar a partir do desempenho da criança.
Melhora na evolução dos pacientes – Estar distante do consultório era um desafio, assim como para outros profissionais da área. Porém, com planejamento e adaptabilidade, ela já consegue perceber a melhora no quadro de muitos pacientes. Para a fonoaudióloga, essa experiência tem reforçado a importância do protagonismo das famílias no atendimento. Quando a criança vai para a terapia, ela tem um período curto de intervenção. Por mais bem planejados que sejam os recursos e os materiais para engajar a criança, ainda é pouco diante do dia a dia dela. Ficar só com esses minutos de terapia semanal ou, ainda, sem terapia, significa um atraso ainda maior de desenvolvimento. Elas dependem de estimulação contínua, intensiva, para que consigam desempenhar atividades da rotina, como pedir uma água ou para ir ao banheiro.
Com a orientação familiar semanal, os pais não necessariamente vão precisar ficar de 30 a 40 minutos fazendo um estímulo direcionado, uma atividade específica, mas que podem aproveitar situações do cotidiano para estimular, orientar e intervir. Tenho casos de pacientes que tiveram um avanço muito significativo com o atendimento presencial no último ano, mas que, agora, em casa, com o estímulo da família, estão progredindo mais rapidamente. Isso porque os pais estão mais engajados, recebendo a orientação constantemente e colocando-as em prática.
Luara Yara, de 3 anos, faz acompanhamento com Dirlene desde janeiro de 2019. Sua mãe, Juliana da Silva Pontes Souza, conta que, apesar da situação, tem conseguido dar continuidade ao trabalho da fonoaudióloga, em casa. “Nossa maior preocupação era perder o que já havíamos avançado, as palavras que ela tinha aprendido, a comunicação. Mas a presença da ‘tia Dirlene’ tem feito toda a diferença. Estamos conseguindo nos adaptar muito bem”, conta.
Entender o momento peculiar que o mundo vive também é uma das orientações. A gente costuma ouvir música juntas, analisar figuras, brincar com massinha. O que ela gosta muito é de ajudar na cozinha, preparar seu lanchinho. Mas, agora, estamos na fase mais cansativa do isolamento, ficando muito em casa, sempre orienta a encontrar um equilíbrio para estimular a criança sem exageros.
Fonte: Dirlene Moreira – fonoaudióloga