A gestação traz inúmeras mudanças ao corpo da mulher, influencia em sua imunidade e reduz a quantidade de medicamentos que ela pode tomar caso fique doente. Por isso, com o número de casos do novo coronavírus aumentando rapidamente no Brasil, muitas dúvidas têm surgido a respeito dos riscos que as grávidas correm neste momento, se podem transmitir a doença ao bebê e até se devem cancelar viagens programadas para os próximos dias ou semanas.
Para ajudar nessas questões, o médico ginecologista e obstetra Marcos Takimura – professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) – responde a esses e outros questionamentos, além de garantir que, como em qualquer outro caso de pandemia, o importante é focar na prevenção.
Mulheres grávidas correm maior risco de contrair o novo coronavírus?
O risco de infecção é o mesmo para qualquer ser humano, pois a maneira de ser infectado não depende necessariamente da questão imunológica ou da resistência orgânica do indivíduo, mas da presença do vírus em secreções que ele possa ter contato. Então, a mulher grávida corre o mesmo risco de contrair a doença que todos os demais.
Como o organismo da gestante reage diante do Covid-19?
A diferença da gestante está justamente na resposta do organismo ao vírus, pois as modificações imunológicas pelas quais a mulher passa durante a gravidez podem facilitar complicações no quadro de diversas doenças. Então, mesmo que ainda não existam dados sobre a reação das gestantes diante do novo coronavírus, já observamos essas complicações na epidemia do H1N1, em 2009, e a recomendação é, sem dúvida, a prevenção.
Que precauções mulheres grávidas devem tomar?
Em uma situação de pandemia, a primeira precaução é intensificar a higiene pessoal, lavando muito bem as mãos. Para isso, o Centro de Controle de Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos recomenda a limpeza por, pelo menos, 20 segundos, com água, sabão e friccionando as mãos entre si. Nos casos em que não é possível fazer isso com frequência, a orientação é aplicar álcool na forma líquida ou gel com o mínimo de 60% de concentração, também friccionando as mãos.
E como fica o uso de máscaras?
É importante frisar que as máscaras devem ser utilizadas por pessoas doentes e seus acompanhantes, e não por quem está saudável. Afinal, não é uma situação confortável para todos, então devemos restringir a esse público.
Se a gestante sentir os sintomas do novo coronavírus, como deve proceder?
A recomendação é procurar o serviço médico que utiliza frequentemente – seja uma unidade básica de saúde, alguma clínica ou sua maternidade de preferência. Lá, a paciente será atendida por pessoas devidamente protegidas e qualificadas para isso e, se for levantada suspeita da doença, a mulher será encaminhada ao seu domicílio ou, em casos mais graves, para hospitais de referência no tratamento das complicações respiratórias provocados pelo Covid-19.
É possível procurar diretamente um desses hospitais?
A recomendação é não procurá-los, pois são direcionados somente para casos graves. Então, se a gestante perceber sintomas como febre, tosse seca e falta de ar quando sua unidade de saúde não estiver aberta, ela deve procurar a maternidade sugerida em sua caderneta de pré-natal como referência de urgência e emergência. No local, a gestante será diagnosticada e, se necessário, encaminhada às unidades de alta complexidade.
Se a grávida estiver saudável, ela pode viajar?
Em uma situação de epidemia, o recomendado é evitar viagens, tanto para outros países como para áreas no Brasil que já estão em situação epidemiológica. Portanto, só viaje para esses locais se for extremamente necessário.
Se a gestante contrair o novo coronavírus, ele pode ser transferido ao bebê?
Tudo o que sabemos veio a partir das infecções SARS-Cov e MERS-Cov, que também foram causadas por coronavírus na China e no Oriente Médio em 2002 e 2012, respectivamente. Naquelas situações, não houve evidência de transmissão do coronavírus da mãe para o bebê ou confirmação de que a doença pudesse prejudica-lo na gestação. O que se sabe, no entanto, é que as grávidas infectadas apresentaram maior incidência de parto prematuro.
A mãe que contrai o coronavírus pode continuar amamentando?
Sim, ela deve continuar a amamentação, respeitando os cuidados de usar máscara, lavar bem as mãos e evitar o contato do bebê com secreções de tosse ou espirro. Isso porque, ainda não há evidências, consistente de que o novo coronavírus seja transmitido pelo leite materno, mas sabemos que é por meio desse alimento que a criança adquire anticorpos importantes para defesa de seu organismo.
Fonte:
Sempre Família
Dr. Marcos Takimura – professor da Universidade Federal do Paraná