Aproximadamente dois terços dos recém-nascidos desenvolvem icterícia na primeira semana de vida. Segundo a pediatra Cecília Maria Draque, inicia-se no segundo dia de vida e atinge seu pico entre o terceiro e quarto. A partir daí começa a diminuir e, geralmente, desaparece em dez dias.
É interessante saber que a icterícia obedece a uma ordem de progressão: ela aparece primeiramente na face e se espalha para baixo, atingindo tórax, abdômen e, por fim, as pernas, chegando à planta dos pés. “É comum as crianças também ficarem com os olhinhos amarelados”, afirma a pediatra Cecília Maria Draque.
Existe também outro tipo de icterícia: a não fisiológica, que pode iniciar antes do bebê completar 24 horas de vida. “A causa mais comum são as incompatibilidades sanguíneas do sistema ABO ou RH, ou seja, quando a mãe é RH negativo e o bebê positivo, ou quando a mãe é O e o recém-nascido é A ou B”, justifica a médica que ressalta a importância de um acompanhamento pediátrico neste diagnóstico. “Se os valores de bilirrubina aumentarem muito pode acontecer de atingirem o cérebro e, se não tratada, a doença pode causar, alterações neurológicas.”
A avaliação da icterícia inicialmente é clínica, ou seja, pela cor da pele do recém-nascido é possível saber. Porém, quando o tom amarelado torna-se intenso ou mesmo extenso, ultrapassando até mesmo a cicatriz umbilical, é prudente e necessário colher sangue do bebê para avaliar a dosagem da bilirrubina e fazer um diagnóstico mais preciso do tipo de icterícia para indicar o tratamento mais adequado.
Existem dois tratamentos utilizados para esta doença: a fototerapia e a exsanguíneotransfusão. Destes o mais utilizado é a fototerapia, o chamado “banho de luz”, que ajuda o fígado a eliminar a bilirrubina.
Mas também ocorrem casos bem leves de icterícia, quando nem mesmo é preciso colocar o bebezinho na fototerapia. “O tratamento pode resumir-se a um banho diário de sol por 15 minutos, até às 10 horas ou após as 16 horas, com o bebê somente de fraldas”. Para prevenir que a icterícia piore, a mamãe pode aumentar o número de mamadas, pois este processo ajuda na eliminação da bilirrubina por meio da urina e das fezes.