Com certeza, ao pegar um RN no colo você já ouviu a seguinte recomendação: cuidado com a cabeça. Até por volta dos 18 meses de idade os bebês possuem uma cavidade craniana conhecida por moleira, ou fontanela – zona membranosa que se localiza entre os ossos do crânio dos recém-nascidos e lactentes – com aparência frágil, que intimida pais e cuidadores.
Segundo Dra Ana Karina C. De Luca, especialista em Pediatria e Neonatologia, Mestre em Pediatria e Doutora em Perinatologia do Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP, as aberturas permitem que os ossos do crânio se sobreponham durante a passagem da cabeça do bebê pelo canal de parto, admitindo que ela se molde por esse estreito caminho.
Por isso, é comum dizer, popularmente, que o bebê nasceu com a cabeça ‘torta’. “Após o parto podem ficar algumas pequenas deformidades e assimetrias decorrentes dessa transição, o que costuma se normalizar cerca de 10 dias depois do nascimento”, esclarece a pediatra.
Mas, não para por ai, essa delicada ‘janelinha’ também tem o objetivo de dar espaço para o crescimento do cérebro da criança. “A fontanela permite que isso ocorra sem que haja uma compressão do encéfalo pelo crânio. Vale lembrar que no primeiro ano de vida o cérebro cresce metade do tamanho que terá quando adulto, alcançando quase seu crescimento total ao fim do segundo ano”, comenta a profissional.
Como já diziam as avós, a moleira também pode funcionar como termômetro para os pais identificarem o bem-estar do filho. Atentar-se às suas características é fundamental, pois algumas situações podem modificar a tensão da fontanela. “Em casos de desidratação e desnutrição a região tende a se deprimir (ficar funda), já casos de hipertensão intracraniana (hidrocefalia e meningoencefalite, por exemplo), ou o uso de alguns medicamentos pode gerar o aumento da pressão intracraniana e tornar a fontanela abaulada.
Dra. Ana Karina ainda explica que durante os cuidados de puericultura, o pediatra, através da medida do perímetro cefálico, tamanho e tensão das fontanelas, acompanha o crescimento da cabeça da criança, identificando precocemente qualquer problema.
Quanto ao tempo para o fechamento das ‘janelinhas’, não se preocupe, pois a pediatra informa que pode variar em cada bebê. Segundo ela, a fontanela anterior ou bregmática, situada no alto da cabeça se fecha, na maioria das vezes, entre os 12 e 18 meses. Já a posterior ou lambdóide, pouco acima da nuca, geralmente tem menos de 1 cm ao nascer e pode já estar fechada ou se fechará nas primeiras seis ou oito semanas de vida. “No caso dos bebês prematuros, como já era esperado, o processo pode demorar um pouco mais do que os bebês a termo, já que são precoces”, afirma a especialista.
Agora que você sabe quais as finalidades da moleira, e que ela está devidamente protegida, não há motivos para receios ao tocar na região amolecida. Faça muitos carinhos no seu bebê!