Para a psicóloga Maria Beatriz Cytrynowicz, que lança obra sobre a infância, a superproteção que quer evitar
as frustrações vividas pelos filhos nessa fase da vida é uma ilusão.
Criança superprotegida não é sinônimo de felicidade.
Essa é uma das conclusões a que o leitor pode chegar após a leitura do livro “Criança e Infância: Fundamentos Existenciais, Clínica e Orientações”, que a psicóloga Maria Beatriz Cytrynowicz lança no dia 25 de maio, na Livraria da Vila (Al Lorena, 1731 – São Paulo).
“No intuito de proteger, os pais muitas vezes não permitem o contato de seus filhos com realidades distintas, tornando-os suscetíveis a descontroles quando se julgam contrariados ou extremamente fragilizados ao se deparar com novidades”, explica Beatriz, que dedicou muitos anos ao estudo da infância para concluir o livro, publicado pela editora Chiado, de Portugal, com distribuição no Brasil.
Para a autora, que adota a linha da fenomenologia aplicada à psicologia (Daseinsanalyse) e foi presidente da associação brasileira dessa especialidade por dez anos, não é possível evitar as frustrações vividas na infância. “Os pais não podem livrar seus filhos dos próprios sentimentos de ameaça. Isto é uma ilusão”, defende ela.
Ao longo de sua análise, Beatriz demonstra que, muitas vezes, as perturbações da infância surgem a partir de idealizações equivocadas sobre o desenvolvimento e a educação dos filhos. “Pais controladores que querem conduzir as relações afetivas dos filhos dificultam que eles percebam seus próprios limites, o que pode gerar crianças agressivas ou incapazes”, afirma.
Para Beatriz, a realidade virtual das redes sociais pode ser problemática e, simplesmente limitar o seu acesso pode provocar uma falsa sensação de controle dos pais sobre os filhos. “As redes sociais são uma fonte de influência sobre as crianças, muitas vezes de opiniões ilusórias, enganosas e sem compromisso com a verdade”, analisa a psicóloga. “Privilegiar o controle do virtual em vez das conversas costumeiras é sinal de que há um distanciamento perigoso no relacionamento entre pais e filhos”, completa.