Sempre Materna

Medo infantil é tema de lançamento de Paulinas Editora

Estou_com_medo

Obra de psicólogos apresenta contos como método para a superação dos temores das crianças

Durante a infância, é natural que surjam os mais variados tipos de medo, como o de dormir com a luz apagada, de tempestades, de animais, de injeção, de estranhos, da morte, do abandono ou de ir para a escola. Com frequência, as crianças surpreendem com seus temores, que, às vezes, podem parecer totalmente inesperados ou absurdos para uma mente adulta. Porém, esses medos podem chegar a ser muito perturbadores, tanto para elas quanto para seus pais ou cuidadores, principalmente quando assumem grandes proporções e maior intensidade, a ponto de se tornarem uma fonte de sofrimento.

Quando isso acontece, a criança precisa de ajuda para conter a angústia que pode comprometer seu desenvolvimento emocional, seus relacionamentos e seu rendimento escolar.

Por mais que os pais tentem convencer as crianças de que dormir com a luz apagada é tão seguro quanto dormir com ela acesa, ou de que um trovão durante uma tempestade não vai machucá-las, parece que elas não escutam. E, de certa forma, é isso que acontece, pois a criança não absorve o que ouve com a parte do cérebro que é dominada pelo medo. Emoções e linguagem lógica e racional não compartilham os mesmos circuitos cerebrais.

O cérebro é composto por dois hemisférios, tradicionalmente associados a diferentes funções: ao lado esquerdo do cérebro é atribuída a compreensão da lógica, enquanto ao direito é atribuída a análise global da informação, com sentido poético ou emocional. De acordo com a medicina neurocientífica atual, o mapa neural de muitas funções do cérebro ainda não está claro, mas a experiência clínica mostra que usar a linguagem metafórica, como a utilizada nas histórias, é uma excelente maneira de ajudar a resolver medos da infância.

Os medos das crianças

 Os medos das crianças podem ser agrupados em três categorias: adaptativos, evolutivos e fobias.

Os medos adaptativos são proporcionais aos perigos que a criança enfrenta. Esse tipo de receio tem uma função protetora, é adaptável e, obviamente, não necessita de tratamento. Sem os medos adaptativos seria impossível sobreviver – as pessoas atravessariam a rua sem olhar, por exemplo, e seriam atropeladas, ou tentariam pegar algo fora do alcance, do lado de fora de um apartamento, e cairiam.

Os medos evolutivos são aqueles que aparecem nas fases de desenvolvimento da criança e estão relacionados à maturidade neuropsicológica e à aquisição de novas habilidades cognitivas. Os pais e cuidadores devem estar cientes desses medos e canalizá-los corretamente, pois seu tratamento inadequado pode levar ao desenvolvimento de fobias.

As fobias são medos excessivos ou irracionais. Quando o medo se torna fobia, normalmente não desaparece por si só, pela simples passagem do tempo. As fobias podem ser uma grande fonte de sofrimento para as crianças e seus cuidadores e podem causar graves disfunções no desenvolvimento infantil, não apenas em nível emocional ou psicológico, mas também no desempenho acadêmico e na socialização.

Uma vez que as estratégias de tranquilização habituais tendem a não funcionar com as fobias, os pais passam a se frustrar, por se sentirem impotentes perante o medo crescente dos filhos. Apesar dos conselhos paternos reconfortantes, as crianças não conseguem controlar seu medo.

“Estou com medo! – Os contos como método para a superação dos temores das crianças”

 

Com o propósito de oferecer aos pais, professores e pessoas envolvidas no cuidado das crianças uma ferramenta poderosa e eficaz para a superação dos medos infantis, os psicólogos clínicos Ana Gutiérrez e Pedro Moreno, sócios há mais de 15 anos, escreveram o livro “Estou com medo! – Os contos como método para a superação dos temores das crianças”.

A ideia desse trabalho surgiu de forma casual, ao perceberem que já tinham uma coleção de histórias, acumuladas ao longo dos anos, para ajudar no tratamento do medo de seus pequenos pacientes. Era como se tivessem um tesouro escondido no porão. Os autores, então, selecionaram as histórias mais representativas utilizadas nas sessões de terapia e as reuniram em uma obra que apresenta não só os textos, mas a forma como esses contos terapêuticos foram construídos.

Ao personalizar as histórias com características com as quais a criança se identifica, é possível estabelecer um canal de comunicação que permitirá o processamento das emoções e possibilitará a superação das dificuldades e temores a elas relacionados – ajudando-as a crescer felizes e saudáveis.

 

Fonte: Ana Gutiérrez e Pedro Moreno – Paulinas – Luciana Sabbag