O término de uma vida conjugal pode ser traumático para pais e filhos. Sentimentos de rejeição, traição e abandono despertam muitas vezes, os anseios de vingança incontrolável e também de possessão das crianças pelo cônjuge que ficará abandonado.
Para o psiquiatra americano, Richard Gardner, o fato de fazer campanha para que a criança odeie os progenitores sem qualquer justificativa, isto é, o filho usado como instrumento da agressividade, é o que se chama de “Síndrome de alienação parental”.
“Os casos de incidência maior são praticados pela mãe, por deter, na maioria das vezes, a guarda do filho”, relata a advogada e especialista em Direito da Família e da Mulher, Maria Alice de Azevedo Marques.A advogada explica que esta alienação se dá aos poucos, pois a mãe monitora o tempo do filho com o pai e também os seus sentimentos para com ele.
A partir do momento que ela vê o empenho paternal em preservar a convivência com a criança, quer se vingar. Para isso, realiza uma manipulação contra o pai, fazendo com que a figura paterna fique atrelada à imagem de um invasor, ou intruso.
O resultado dessa manipulação é triste. Nesse caso, a criança passa a não gostar do pai e, por consequência, se nega a cumprir as visitas, que deixam de ser prazerosas em nome do amor e da convivência recíproca, que se tornam uma aflição. Como nem sempre a criança entende esta manipulação, ela acaba acreditando nas informações que lhe foram ditas, como verdadeiras.
Para o judiciário, casos de alienação paternal é um dilema difícil. Os juízes são cautelosos e contam com ajuda de especialistas para definir qual a melhor decisão a ser tomada. Dependendo de cada caso, o juiz pode pedir uma terapia familiar, regularizar o pedido de visitas, condenar o genitor que provocou a síndrome a um pagamento de multa diário, alterar a guarda do menor ou até mesmo pedir a sua prisão.
“Além de jogar o filho contra o pai, esta também é uma forma de abuso que põe em risco a saúde emocional de uma criança. Na fase adulta, pode gerar um sentimento de culpa ao descobrir que foi cúmplice de uma grande injustiça”, finaliza Maria Alice.