Quem nunca aprontou alguma peça e recebeu cobertura dos avós? Ou comeu um chocolate a mais e não foi julgado por causa disso? Por essas e outras, a cumplicidade é a relação mais natural existente entre avós e netos. É preciso, porém, ter cuidado e saber a hora de colocar limites, especialmente com aqueles que participam diariamente do cotidiano dos netos. Nesses casos, a criança não pode achar que todo dia é dia de festa só porque ela está com os avós. Ela terá que seguir algumas regras para não comprometer sua saúde física e mental,
Os novos perfis
Pare um minuto para pensar e responda: quantos avós “tradicionais” (como a avó citada no início desta reportagem) você conhece? Eles ainda podem ser vistos por aí, mas a imagem de velhinho frágil, delicado e de cabelos brancos parece estar cada vez mais afastada do nosso cotidiano. Hoje, avôs que praticam esportes com os netos e avós que saem para jantar e passear com as netas, por exemplo, são figuras bastante comuns nas cidades – e todos saem ganhando com isso. Pessoas mais saudáveis estabelecem vínculos mais saudáveis, e repertórios mais amplos permitem uma variabilidade maior de interesses. Esses ‘novos’ avós e netos têm, nesse sentido, mais pontos de contato. Não consigo enxergar prejuízos nessa mudança de cenário
Pais X Avós
Acontece que nem tudo é um mar de rosas nessa história. Se você já deixou seu filho com os avós, com certeza sabe que os desentendimentos são inevitáveis. Quando a criança apresenta um sintoma de alguma doença, você acha que ela deve ser tratada de determinado jeito, mas eles dizem que têm outra receita mais eficiente. Quando ela fica com vontade de certo doce, você fala que é melhor comê-lo em outra hora, mas eles não resistem e logo cedem ao desejo do neto. Fica então a dúvida: como agir nesses casos?
Com a ajuda das psicólogas, montamos uma lista com dicas que podem facilitar a boa convivência. Confira:
– Tratar os avós como babás de luxo é o grande erro cometido pelos pais. Por isso, se a criança precisa ou quer passar o dia na casa deles, não faça listas indicando o que pode ou não pode ser feito. Confie na relação direta existente entre avós e neto e respeite suas decisões e atitudes.
– Os avós também devem fazer sua parte procurando se informar sobre novos padrões de comportamento, métodos de educação e tratamentos de saúde. Eles podem, por exemplo, acompanhar algumas visitas do neto ao pediatra e ir a reuniões da escola.
O mais importante é que os papéis sejam bem definidos. Os pais precisam aceitar a sabedoria dos avós, assim como esses devem respeitar a autoridade dos pais. Todos vão palpitar, sim, sobre assuntos que envolvem a criança, mas, com uma boa conversa, entrar em um acordo não será tão difícil.– Quando acontecer algum desentendimento, respire fundo e deixe a discussão para um momento em que a criança não esteja presente. Isso garante uma convivência pacífica e saudável entre todos.
– Se a criança costuma ficar todos os dias na casa dos avós, os limites devem ser melhor delimitados. Convivendo cotidianamente com o neto, os avós podem se sentir mais livres para aplicar seus próprios métodos de criação, o que pode chatear os pais. Mais uma vez, uma conversa franca e tranquila será necessária para chegar à solução. E cabe aqui ainda uma regra geral: a autoridade dos pais é sempre maior, mas, se eles dependem de outras pessoas para cuidar dos filhos, têm que aceitar que a influência externa é inevitável.
– Lembre-se dos momentos felizes e divertidos que você mesmo passou ao lado dos seus avós fazendo tudo aquilo que lhe era proibido pelos pais e que, no entanto, não lhe fizeram mal nenhum
Fonte: revistacrescer.globo.com