Lavar as mãos e manter os objetos limpos é a melhor opção para evitar o contágio
Não é difícil olhar para uma criança e logo avistá-la com as mãos ou dedinhos na boca. Isso é comum, especialmente na fase oral (até os dois anos) e não tem nada de bonitinho ou fofo. Esse hábito, além de prejudicial para o desenvolvimento da arcada dentária, também contribui para a transmissão de muitas bactérias e doenças, entre algumas, a síndrome mão-pé-boca (SMPB), também conhecida como doença mão-pé-boca, comum na infância e rara em adultos.
Diferente de estomatite, essa doença vem do vírus Coxsackie, um nome difícil de pronunciar, mas que é extremamente contagioso e infectante, especialmente nas crianças menores de cinco anos de idade. O vírus entra no corpo por meio da transmissão fecal-oral, ou seja, ingestão pelas mãos sujas, alimentos não lavados e ou cozidos inapropriadamente que tiveram contato com fezes contaminadas.
Vale lembrar que é comum, dentro da cultura popular, ouvirmos falar que é bom deixar as crianças criarem anticorpos para melhorar a imunidade e aí entram os palpites das tias, avós e terceiros dizendo que não faz mal a criança lamber um brinquedo não lavado ou colocar a mão na boca para fortalecer o organismo. Isso é mito e falta de higiene. Entenda melhor:
O que é a Síndrome Mão-Pé-Boca:
Conhecido como vírus de Coxsackie ou Coxsackievirus, pertence à família dos enterovirus – presentes no intestino – e é de fácil contágio e perigoso, especialmente em bebês recém-nascidos, podendo infectar as vias respiratórias, pele, unha, olhos, meninge, coração, pâncreas, fígado e bexiga.
Contágio:
A doença mão-pé-boca é mais comum durante as estações da primavera e outono, mas pode ocorrer em outros períodos também. A transmissão acontece de pessoa para pessoa, no compartilhamento de objetos e alimentos que tiveram contato com o vírus. Após a contaminação, a incubação pode variar entre um a sete dias para o início dos sintomas, que duram em média de cinco a sete dias. É mais comum nas crianças porque, em geral, brincam, vão ao banheiro e esquecem de lavar as mãos ou realizam de maneira superficial, mantendo os vírus fecais que são transportados para a boca, olhos, brinquedos e alimentos.
Sintomas:
No início, os sintomas são muito parecidos com um resfriado, com febre alta por 2 a 4 dias, mal-estar, falta de apetite, náuseas e até diarreia. Os gânglios ficam inchados e aparecem bolhas vermelhas com centro esbranquiçado (que provocam dor) na garganta, gengiva, língua, palmas das mãos e nas solas dos pés, por isso o nome da síndrome: mão-pé-boca. Há casos que abrange também o bumbum e as genitálias.
Tratamento:
É importante levar a criança para avaliação presencial com o pediatra e para esclarecer possíveis dúvidas. Como se trata de uma doença sintomática o médico deve prescrever medicamentos para o alívio dos sintomas (que são bem característicos) e diminuir os incômodos provocados pela doença. É importante manter a higiene da criança, dos objetos e dos alimentos para evitar o surto e, também, oferecer bastante liquido (água e sucos naturais) para hidratação, repouso e alimentação leve. Da mesma maneira em que a doença surge, ela desaparece, pois trata-se de um quadro autolimitado, em que a defesa do organismo a combate sozinha.
Dicas:
Se a criança apresentar alguns dos sintomas é importante evitar o contato dela direto com outras crianças – seja na escola, na família ou ambientes em que compartilha com outras. Manter os brinquedos e objetos limpos (de tato diário) é importante para evitar a contaminação. Ensine a criança a lavar as mãos com frequência, não somente antes das refeições, pois é comum elas levarem os dedinhos até a boca e olhos. Manter a atenção sobre os cuidados básicos dos pequenos e pequenas é garantir a saúde de todos, pois quando um filho adoece, a mãe (geralmente) adoece junto por não poder contribuir para minimizar as dores e incômodos provocados pela síndrome.
Fonte: Dra. Priscila Zanotti Stagliorio